de um ou dois dedos, e da grossura de uma perna de cisne, contendo uma semente oblonga, fusca, de cheiro forte como a gengibre. A madeira do caule é esponjosa; as raízes, em número de seis, sete ou oito, são retas da grossura de uma pena de pato, alvacentas por dentro, flexíveis, filamentosas, tendo odor e gosto da gengibre; o arbusto é precioso e de grande estima.PITOMA (termo indígena) Árvore grande e ramosa, de casca griséia, não diferente da casca de nossa aveleira (Corilus). Produz folhas de tamanho desigual, isto é, de três, quatro, cinco, seis, sete ou oito dedos de comprimento, fixadas a pedículos curtos, as quais se opõem duas a duas; assim também são os râmulos, nos ramos maiores; também se encontra aqui e ali uma flor solitária. São essas folhas também oblongas, anteriormente acuminadas, com a figura de uma orelha de burro; na frente são verdes como as folhas do caju; atrás, um pouco pálidas com um nervo, no sentido longitudinal e umas veias oblíquas sem ordem, sendo umas mutuamente opostas, outras não. Junto à origem das folhas, brotam dois râmulos opostos (às vezes acha-se só um isolado) de três, quatro ou cinco dedos de comprido, cobertos de numerosos flósculos espiciformes; cada um deles se acha fixo a um pedículo curto; é pequeno dividido em quatro crenas; da parte central procedem nove estames do comprimento de meio dedo, da grossura de um fio de seda, eretos, de ápice tênue. O pedículo da flor é da cor do marmelo; o flósculo é da mesma cor com mescla de vermelho; os estames são cróceos com ápices vermelhos. Cada espiga de flores não se compara mal com os vasos dos padeiros lavar suas masseiras e purificar a farinha. Esta árvore dá um fruto (cadaqual fixo a um pedículo) de figura elíptica com um umbigo saliente como um ponto; por fora é de cor amarela-escura. Sua casca é carnuda, de cor sólida, porém, é frágil; mais grossa do que a casca da castanha. Sob uma tal casca oculta-se uma escassa polpa alvacenta, da consistência do gelo no prato, de sabor ácido adstringente, que se separa da casca cortada e é comida. Contém, em seu centro, um núcleo do tamanho da castanha, de figura elíptica, coberto com uma cutícula amarelada; ao passo que o fruto é de cor encarnada, alvacento em sua massa, facilmente divisível em duas partes iguais; não é comestível, por ser de sabor amargo e adstringente.JAMACARU (termo indígena). Árvore de tamanho medíocre com caule redondo, griséu, armado de acúleos griséus estrelados; na parte superior, acham-se ramos que se inclinam para baixo, cujos inícios consistem em longas saliências redondas com acúleos estrelados. A estes ramos, em direção à parte externa, se acham folhas grossas como da Tuna, com acúleos isolados no âmbito. Em uma e outra superfície das folhas, elevam-se certos tubérculos; a cor dos ramos e das folhas é verde. Dá uma flor (não encontrei sua descrição, no autor, mas pela imagem que apresentou conjeturo que se forma de tubérculos e termina
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado