amarelada; não cheira, quando inteiro; quebrado, produz um cheiro forte, nauseabundo, semelhante à gordura de carne amarela e sólido, quando já está velha; é de sabor doce. Dentro se acha uma noz do tamanho de um ovo de galinha ou de uma castanha maior com muitos caroços redondos, aparentando, em mais de sua metade, a cor e aspecto da noz-moscada; a outra metade lisa e lustrosa, semelhante a um espelho convexo, tem um núcleo de cor escura. O fruto é comestível; eu, porém, detesto seu cheiro e gosto. Cai espontaneamente, quando está maduro; de outra maneira não é comido, porque antes de cair tem um leite acre. Florescia em abril de 1640, na ilha Antônio Vaz; o fruto se achava maduro em fevereiro junto ao promontório de S. Agostinho,GUITI IBA cujo fruto se chama Guiti-coroya (termo indígena). É uma outra espécie de Guiti. A árvore tem uma casca griséia; os ramos têm folhas em fronde, isto é, acham-se pedículos nas extremidades dos ramos, de um ou meio dedo de comprido, alternadamente opostos, tendo cada um duas ou três folhas, das quais umas alternadamente opostas medem nove, dez, doze ou quatorze dedos de comprido e quatro, cinco ou seis de largo. Estas folhas dão ao tacto a sensação do couro espanhol; são oblongas, aparentando uma língua; na frente são verdes claras; atrás tem a cor da ocra; são atravessadas por um nervo saliente no sentido longitudinal, e por umas como costelas às vezes em intervalos iguais, às vezes desiguais, de um e outro lado são cobertas de uma lanugem mole. Junto das frondes, nas cem flores congestas em longa espiga, pequenas, amarelas, inodoras. Floresce em janeiro e maio; o fruto amadurece em junho. Junto à morada de um português, perto de Aretangí, acha-se uma dupla árvore; a princípio possui um só tronco; este depois se divide como que formando duas árvores, à altura de cinco pés da terra; num ano, um dos lados dá fruto; no seguinte, o outro lado; no terceiro ano, como que em estado de descanso, a árvore não dá flor, nem fruto; no quarto, novamente floresce. O fruto é do tamanho de uma maçã vulgar, mas não bem redonda, como que de redondeza irregular de superfície desigual; a cor externa e da cutis é como a do pão inferior ou escuro, ou como a casca fusca da Betula; cede facilmente ao tacto. Por dentro possui este fruto uma polpa amarela, aparentando um queijo holandês podre; esta polpa é escassa e rodeia um caroço, dando a sensação de uma areia; quando é mordida seu odor e sabor é agradável, rivalizando com o pão nesta e naquela qualidade; o caroço é grande, do tamanho e formato de um ovo de galinha ou maior, com uma casca filamentosa e lenhosa, hirsuta como o guititoroba. Este caroço cheira quase como o pão; é de cor branca-amarelada; contém um núcleo, numa substância de cor sulfúrea com mescla de branco; na orla, a cor é sulfúrea com mescla de encarnado; a consistência é como a do coco; o gosto é adstringente. Meia drama deste núcleo ralado, misturado com água simples, constitui um remédio contra disenteria, dando ótimo resultado. Come-se a polpa, mas não o núcleo.IBACURAPARI (termo indígena). É uma árvore medíocre, de casca griséia Produz folhas congestas em fronde, medindo de um a quatro dedos de comprido, verdes alegres, assemelhando-se a folhas de Pérsica (pecegueiro), salientando-se nelas um nervo no sentido longitudinal e umas costas transversais. Na extremidade de cada uma, nasce uma umbela, às vezes dividida em quatro braços, em forma de losango; cada braço, por sua vez se divide em muitos pedículos, em cada um dos quais nasce um flósculo, num cálice branco, de um dedo de comprido; esta florzinha é dividida em cima numa estrela quinqüangular; é
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado