menção desta planta, num autor português, a quem eu segui, na descrição da América; suponho que ele a considere desprezível ou lhe dê outro nome.QUITY (termo indígena). Pao de Sabaon, (em português). Seu fruto chama-se Sabaon. E uma árvore de casca cinzenta, como o freixo (Fraxinus), de tamanho medíocre e tronco frágil. Suas folhas são verdes vivas, oblongas, não dentadas, lustrosas, medindo quatro, cinco ou seis dedos de comprido; estas folhas ora se acham mutuamente opostas, ora isoladas; são assim colocadas sem ordem. Produz flores (o autor não as descreve). Produz, em ramos isolados, muitos frutos; cada qual se acha fixo, a um próprio pedículo, tendo uma dupla proeminência redonda como nádegas ou mamas; é do tamanho de uma bola de jogo ou até maior; redondo, amarelo como uma cera; lustroso e transparente, de sorte que o glóbulo preto que vêm no interior, produz um ruído, quando se sacode o fruto; é grande a cavidade do fruto. A polpa que se acha ao redor não é grossa; acha-se rodeada de uma cutícula mole e glutinosa, fazendo às vezes de sabão, porque também produz espuma. E de gosto muito amargo, por isso não é apetecido por ave alguma; em parte prejudica as vestes, por isso se emprega com mais proveito a casca do "Vbinhume". O glóbulo contido no fruto, é preto, duríssimo, redondo, do tamanho da cereja; nele se encontra um núcleo branco, coberto com uma película vermelha como a avelã; tem a figura de uma cabeça de papagaio com seu bico; é divisível por si. O fruto amadurece em outubro.CAPÍTULO IX Guititoroba. Guiticoroya Guiti-iba. Ibicura pari GUITI (termo indígena) do qual há várias espécies, as quais descrevemos em ordem. A primeira se acha GUITI-TOROBA nossos belgas a denominam Steen-appel. É uma árvore elegante, que excede em tamanho à laranjeira; tem folhas congestas em fronde; de meio pé de comprido, verdes-carregadas como as folhas do loureiro; lustrosas e grossas como o pergaminho; lisas, dotadas de um nervo no sentido longitudinal e veias transversais alternadas ou opostas. Na extremidade das frondes, entre copiosas folhas, procedem flores, em curtos pedículos, de cálice redondo; essas flores são do tamanho das flores da tília; são côncavas como uma campainha e redondas, formadas de uma só folha com seis cisuras na circunferência até a metade, as quais como que dividem o glóbulo em seis folíolos. No meio da cavidade acha-se um estame, aparentando uma coluna, rodeado por outros seis estames menores, que procedem do meio de cada incisão e trazem um corpúsculo esponjoso. Esta flor é de agradável odor como a flor da tília; é de cor amarela com mescla de verde; a árvore exsuda um leite; produz um fruto redondo, semelhante à laranja, um pouco turbinado em cima, sem coroa, de uma cor purpúrea-
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado