nos excrementos, medraram e daí provieram muitas árvores e se propagaram indefinidamente não havendo plantação em que não seja encontrada essa arvore. Nota. Fr. Ximenes. Xalxocotl (os indígenas da Ilha Hespaniola dizem Guayabo, isto é, árvore grande; os espanhóis igualmente dizem Guajabo. Encontram-se três espécies desta árvore, de uma aqui não falamos. A primeira das outras tem folhas como as da laranjeira, porém menores e vilosas; as flores são cândidas; o fruto, redondo e cheio de grânulos como o figo, donde lhe vem o nome, que significa fruto arenoso. As folhas são ácidas, adstringentes, muito cheirosas; curam coceira e por isso costumam ser usadas em banhos; a casca é fria seca e muito adstringente; o cozimento delas faz desaparecer as inchações das pernas e chagas fistulosas; serve também para curar surdez e cólicas ventrais, porque possui certas propriedades ocultas. O fruto é quente e seco; sua parte externa, que é sólida (a interna é tenra e de calor moderado) tendo um cheiro de percevejo, de modo algum é apresentado à mesa; todavia é apreciado por muitos, posto que não convenha a todos. Alguns dizem que o cozimento é proveitoso e aquece o ventre lânguido por causa fria. A segunda espécie produz frutos muitos maiores, não tendo cheiro tão desagradável, por isso são reputados mais delicados. Nasce, em lugares quentes, montanhosos ou planos, principalmente em Cuernavaca e em todo Marchionatu, onde com freqüência se acha à vista de todos. Das folhas de uma e outra espécie prepara-se um xarope utilíssimo contra o fluxo ventral; eficaz como o das rosas secas; prepara-se da maneira seguinte: tomam-se seis libras de folhas e socadas são maceradas em doze quartilhos d'água, durante a noite; depois pela ação do fogo, evapora-se a terça parte do conteúdo e coa-se; ajunta-se-lhe seis libras de ótimo açúcar e cozinha-se tudo até que se obtenha a consistência do xarope, do qual se toma tanto quanto for necessário, conforme o estado do enfermo. Até aqui aquele autor. Oviedo, lib. VIII, cap. 19, assim descreve esta planta: é uma árvore grande com folhas semelhantes às da laranjeira, mas com ramos menos numerosos e mais esparsos; com folhagens não tão verdejantes, aproximando-se, no formato, das folhas do loureiro, são porém, mais largas, grossas e com veias mais salientes do que estas. Duas são suas espécies, mas uma e outra dá frutos como maçãs, uns longos, uns com polpa rubra; outros com polpa cândida; todos com casca verde ou amarela; quando estão totalmente maduros; Como, porém, achando-se maduros, tem um gosto mais desagradável e são sujeitos a vermes, geralmente são colhidos verdes. Dentro são sólidos, como que divididos em quatro secções, nas quais se encontramgrânulos duríssimos; possuem no alto uma coroa de folhas, que facilmente caem. Faz também menção desta árvore Gomara e Monardes, em Clus. Publiquei a imagem recebida de um espanhol, na Hist. da América, lib. V, cap. 3; recebi depois um galho com folhas e frutos, porém verdes; verifiquei que as folhas foram bem definidas e descritas por Oviedo. Os frutos tinham coroas mas os folíolos tinham caído; não pude conhecer a substância do frutos, porque estavam secos e contraídos.ARACABA (termo indígena). O fruto desta árvore chama-se Aracaguacû. É semelhante ao guayabo, na figura, casca e madeira diverge, nas folhas; o autor não ai descreve, mas podem ser conhecidas pela imagem. Produz um fruto do tamanho de uma maçã medíocre, redondo; de cor verde, quando está maduro, tendo um umbigo em cima.A polpa é branca; de cheiro, sabor e substância semelhantes ao "aracamiri"; no meio se encontram caroços (lápides) do tamanho de ervilhas menores, arredondados, um pouco chatos, de cor amarela clara, duros como os núcleos das cerejas; dentro possuem uma substância branca; aí certas lápides (caroços,
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado