quando se quer conservar a semente. A polpa tem a mesma cor e sabor que os melões, porém e inferior. O fruto pode ser comido cru, mas geralmente come-se cozido ou só ou com mistura de carne; não é tido em muita estima por causa da abundância. Quando se guarda esse fruto verde dentro da areia, logo amadurece e se torna amarelo; a árvore, o ano inteiro, se acha carregada de frutos e sempre tem flores. De cada semente pode obter num ano uma árvore frutífera; nenhuma dura mais de quatro anos. O sinal prognóstico de morte é o apodrecimento do seu elmo, ao qual se segue o apodrecimento total. Raramente se encontra uma árvore com mais de um ou outro ramo; a maior parte não os tem e por isso são mais belas. Nota. Fr. Ximenes. Papaya. É uma árvore medíocre, que produz folhas grandes e semelhantes às da figueira com alguns ângulos; seu fruto é grande e um tanto grosso; de agradável sabor, mas pouco nutritivo. Do fruto ainda verde prepara-se um licor utilíssimo contra o impetigo; o suco extraído do maduro, mitiga dores de barriga. Nasce na ilha Hispaniola e nas regiões quentes da Nova Espanha, como Cuernavaca, Tlaquiltenango e Yoatepec. Do fruto verde prepara-se uma conserva, que acalma o excessivo calor corpóreo e anima o coração; disto já fiz muitas experiências, no nosso hospital de Guastepec. Estas coisas diz aquele autor. De um amigo que vivera outrora, na ilha Tabago, onde abunda esta planta, soube que no máximo, dentro de um ano, esta planta cresce e dá frutos; cresce até à altura de quinze e não raro de vinte palmos, tendo quase a grossura de um homem. Seu caule é esponjoso e mole, sem ramos; é coroado de folhas só na ponta; do próprio caule nascem frutos orbiculares, de sabor semelhante ao do melão, e cheios de grânulos pretos com gosto de mostarda; há fundamento para crer que é brando laxante; seu fruto pesa quinze libras.URUCURI IBA (termo indígena). Espécie de palmeira totalmente semelhante à tâmara, exceto no tamanho e em não ter folhas espinhosas. A flor é como a Locara; os frutos são denominados urucurí, nascem aglomerados em cachos como a pindoba; cada um tem o tamanho da ameixa com uma cutícula e uma escassa polpa lúteas, filamentosa, doce; dentro desse fruto se encontra um caroço duro, onde se acha um núcleo branco, comestível; cada fruto se acha fixo a uma cúpula escamosa. Com a casca do núcleo aplicada a um tubo forma-se um instrumento para se fumar. Da madeira desta árvore cortada e socada (é inteiramente filamentosa), prepara-se, sem outro processo, uma farinha denominada pelos portugueses Farinha de pão e pelos indígenas Urucurivi da qual fazem uso na falta da farinha de mandioca; esta farinha tem cor avermelhada. Os ramos desta árvore ou folhas servem para cobrir cabanas e para fazer amarras (são muito flexíveis); é por isso de grande utilidade para os viajantes; do fruto também se fabrica um óleo, como do fruto da pindoba. Na própria arvore nasce um feto Caraguatá, que fornece uma água potável; chama-se Urucatu, na linguagem dos indígenas; já a descrevi falando das ervas.
CAPÍTULO VII Guayaba. Araca-iba. Gonandima. GUAYABA, "Granaet-peeren", em flamengo, por causa dos núcleos que contém a cor vermelha da polpa. A arvore cresce com a figura da macieira e se reparte em muitos ramos; a casca é lisa, pálida, como a casca de Acer. Produz esta arvore folhas opostas, duas a duas, em curtos pedículos; são dotadas de nervo e veias paralelas semilunares, que correm obliqua-mente e são muito salientes. Estas folhas são duras, semelhantes às folhas da faia ou melhor do nosso Hanembuche; na parte avessa, as veias são protuberantes; na parte direita, são profundas; as folhas parecem quase rugosas. Cada folha é verde pálida e lustrosa em cima; em baixo, não é lustrosa; mede dois ou três dedos de comprido e um ou um e meio de largo. Na origem de cada par de folhas, procede um pedículo curto, que traz uma flor do tamanho da flor do algodão, constituída por cinco folhas brancas, com muitos estames brancos, vilosos, no meio aparentando uma crista de pavão. A seguir, vem o fruto do tamanho e figura de nossa maçã (um pouco mais oblongo) com a casca rugosa, verde amarelada, quando o fruto se acha maduro. A polpa, como o sangue num branco pálido, contém carocinhos como os da romã ou nespereira (mespilus) que são comidas junto com a polpa; os frutos são pequenos e de sabor agradável. O sabor é tríplice, bem como as propriedades. Quando o fruto está maduro, não estando, porém, amarelo e mole, o sabor é adstringente e menos agradável; quando se acha amarelo, não totalmente mole, é de bom sabor e de natureza média, ótimo quer cozido quer cru; quando está totalmente amarelo e mole, tem o sabor doce como o fruto da Rubus Idaeus; comido desenvolve o ventre; não é saudável, se é deixado por mais tempo, porque aparecem vermes e apodrece. A raiz desta árvore mede muitas vezes mais de cinco ou seis braças de comprido, exteriormente tem uma cutícula vermelha como a da avelã; dentro é branca, suculenta, adocicada; o cozimento desta raiz n'água constitui ótimo remédio contra a disenteria.Esta árvore não é natural desta terra, mas foi trazida da América setentrional e Peru; foi primeiro trazida uma, porém as aves comeram seus frutos; os grãos, porém, que se achavam