são um pouco amargas; as folhas ainda menos, embora, no aroma, quase não diferem da casca. A casca socada e tomada, em quantidade de duas dracmas, é remédio eficaz contra as dejeções sanguíneas. Nasce nas colinas de Huitlango. Estas coisas diz aquele autor.ANDIRA IBIARIBA (termo indígena). Angelim em português. É uma árvore (o autor não descreve seu caule, nem os ramos, nem as folhas, nem as flores). Seu fruto tem o formato de uma noz (Juglans), o tamanho de um ovo de galinha, tendo a casca verde e apresentando dum lado uma espécie de costura; a casca cortada apresenta um núcleo amarelado-claro; não serve para se comer, por ser venenoso.A madeira da árvore serve para o fabrico de várias coisas, nas casas; os animais selvagens engordam muito com o uso de seu fruto. Guilherme Piso apresenta a imagem desta árvore e notícia de várias de suas propriedades.NHUA (termo indígena). Árvore alta, de casca griséia, dividida em cima em muitos ramos contorcidos ou nodosos. Nos ramos, possui râmulos alternadamente opostos e folhas opostas nos râmulos, mas na extremidade há só uma, (isto é, em cada um há dois ou três pares de folhas e uma quinta ou sétima isolada).Estas folhas são oblongas, verdes saturadas na frente, mas claras atrás, tendo aí também um nervo e veias oblíquas salientes; essas folhas se acham fixas a um curto pedículo. Produz uma flor (o autor não a indica); produz um fruto do tamanho de uma bola de jogo; redondo, alvacento, fixado a um curto pecíolo, tendo uma casca pálida, polpa branca, de sabor um pouco amargo; dentro se acha uma pedra dura, oblonga, amarelada. Quando está maduro, cai e é comido.CAPÍTULO V Cebipira. Iaboiaplta. Ieiaiba. Jbaree. Ibírapitanga. Camacari. Paco caatinga. CEBIPIRA (termo indígena). É uma árvore grande e ramosa, que tem um tronco duro semelhante no aspecto à faia, com que se fabricam rodas de máquinas e carros, e uma casca griséia com mescla de fusco. Nos ramos, se encontram râmulos alternados, a intervalos de quase meio pé; neles se encontram alternadamente (às vezes também diretamente opostas) folhas pequenas, de cerca de dois dedos de comprimento e de largura, onde é máxima, de dois terços de dedo. Estas folhas se assemelham, na figura, às folhas de buxo; na frente, são verdes carregadas, lustrosas; atrás, cinzentas; são dotadas de um nervo, no sentido longitudinal, e veias mínimas.Produz flores abundantíssimas, em cada ramo quinze, vinte ou mais, insertas cada qual num curto pedículo; são do tamanho das flores da macieira ou pouco maiores, constituídas por cinco folhas, que procedem de um cálice preto, em que se apóiam. Duas folhas das flores são maiores, e junto delas se acham oito ou nove pequenos estames brancos com ápices escuros. Caindo as folhas da flor, brota no centro uma silícula verde-amarelada, em que se encontra a semente; todos os folíolos da flor são corrugadas como o pano de algodão português. Sua cor é cerúlea clara com mescla de branco; o folíolo superior da flor tem próximo do cálice uma mancha avermelhada; é inodora. A árvore tem alegre aspecto, quando floresce, o que se realiza, em outubro e novembro.[página101]JABOTAPITA (termo indígena). Árvore de casca griséia, desigual, tronco mole e tênue; produz folhas semelhantes às de pereira, alternadamente colocadas, verdes claras; em certos râmulos, se acham copiosos flósculos em forma de cachos, fixas a pedículos, compostas de cinco folíolos amarelos com um pequeno estame grosso, lúteo, com a figura das flores de keyri, mas o aroma é mais suave. Os frutos vêm em cachos, isto é, em cada pedículo uma baga do tamanho de um núcleo de cereja, de forma cônica ou quase triangular; a cada baga se apóiam outras duas, três, quatro ou cinco sem pedículos; ovais, do mesmo tamanho que a de baixo; todas de cor preta como nossas pequenas murtas; dão tinta do mesmo modo que estas; não tem grãos; são de sabor adstringente. Floresce em dezembro e princípio de janeiro; o fruto amadurece em março e abril.J ETAIBA (termo indígena). Árvore cujo fruto é chamado pelos indígenas Ietaia. Não encontro, no nosso autor, a descrição de seu caule, folhas e flores; pela imagem contudo podem ser conhecida as folhas. Produz um fruto em vagens do comprimento de quatro ou cinco dedos e da largura de dois; essas vagens são chatas, um tanto duras, de cor hepática carregada e lustrosa.A vagem partida ou quebrada com um martelo apresenta uma substância farinácea, filamentosa, encarnada pálida muito mole, apresentando a farinha de trigo levemente umedecida, que começa a formar um polme; é de sabor farináceo, um pouco adocicado. Nesta substância se acham encerrados três ou quatro pedras, do tamanho de tâmaras, de figura oval, mas um pouco achatadas dos lados; são duras, glabras de cor de castanha.Come-se a polpa cujo sabor não é para desprezar.Produz esta árvore uma resina odorífera denominada Ietica cica, pelos indígenas; os portugueses a denominam Anime, porque é semelhante à "anima" que lhes vem da Índia Ocidental.Sua madeira é muito dura; serve por isso para o fabrico de traves de edifício e eixos de máquina.Várias coisas acerca da árvore e da resina se encontram em Guilherme Piso, ao qual devemos esta imagem.IBIRAEE (termo indígena). Árvore de casca griséia, glabra; as folhas são colocadas sem ordem; são verdes alegres, semelhantes às folhas de nossa cereja azeda, mas não dentadas. Faltam outras informações, no nosso autor; eu, porém, de qualquer modo a descrevi, na Amer. lib. XV, cap. 9, sob o título de Hivorae conforme João Lerio. A casca mede de grossura meio dedo; é de agradável sabor, principalmente recentemente cortada; é uma espécie de guajaci, conforme me informaram dois farmacêuticos, que conosco atravessaram o mar. Os bárbaros a empregam contra doença venérea.IBIRAPITANGA (termo indígena). Pão-Brasil (em português). Árvore bem alta, de casca fusca, guarnecida de pequenos espinhos. Tem ramos alternadamente opostos, nos quais se encontram outros râmulos opostos; assim também são dispostas as folhas; constituem pares desiguais
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado