CAPÍTULO IV Tapia. Icicariba, cuja resina chama-se Icica. Ibira. Andira Ibiariba. Nhua. TAPIA (termo indígena). Esta árvore cresce até à altura da faia ou carvalho; tem o caule liso, cinzento, com muitos ramos; as folhas são em número de três opostas, em cada pedículo. Elas são lisas, lustrosas, verdes carregadas na frente e verdes claras atrás, medindo quatro ou seis dedos de comprido. Na extremidade dos ramos, encontram-se dezoito, vinte, trinta ou mais pedículos cerasinos, em cada um dos quais se acha uma flor, que consta de quatro folíolos brancos, do comprimento de um dedo; cada um tem seu pecíolo do comprimento de um dedo, tendo a figura de um chuço com um nervo, no sentido longitudinal, e umas veias oblíquas, esverdeadas como as folhas de certa árvore; com estas se acham colocadas alternadamente quatro folíolos curtos, esverdeados. Entre todas essas nascem estames numerosos, avermelhados, do comprimento de cerca de dedo e meio; no meio destes brota um pedículo do comprimento de dois dedos ou dedo e meio. Produz um fruto redondo, do tamanho de uma maça medíocre, o qual é amarelo como a laranja, quando se acha maduro, tendo a casca igual a esta; mas por dentro é repleto de umas pedras duras, do tamanho da semente da cereja, oblongas, amarelas, contendo um núcleo branco. Ao redor dessas pedras, encontra-se uma polpa branca, mole, doce, de sabor e cheiro nauseabundos; o fruto serve para se comer. A madeira dessa árvore é frágil; a medula, branca, Sambucina (?). As folhas desta árvore socadas, aplicadas externamente constituem excelente remédio contra uma doença muito comum, chamada Bichos de cu. ICICARIBA (termo indígena). Sua resina chama-se Icica. É uma árvore alta de caule grosso, casca glabra e griséia; cresce como a faia. Produz, em seus râmulos, folhas opostas duas a duas e uma solitária na extremidade, alguns ramos têm seis, opostas duas a duas e duas na ponta; algumas vezes se acham dois ou três pares opostos num ramo, e um na ponta. As folhas são semelhantes às da pereira, medindo três dedos de comprido, acuminadas, grossas como um pergaminho; verdes vivas, lustrosas, com o nervo no sentido longitudinal, entrecortadas obliquamente por veias. Nos ramos, onde nascem outros râmulos, brotam copiosos flósculos, congestas em forma de cachos ou verticilados, formadas por quatro folíolos verdes, tendo a figura de uma estrelinha. As folhas são verdes, de bordo circundado por uma
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado