História natural do Brasil.

doce sabor como a amêndoa. Três ou quatro núcleos constituem um forte purgativo, chegando a uma excessiva energia, se não for tirada a película interior; por isso se deve sempre fazê-lo. A árvore facilmente pode ser transplantada, porquanto um ramo cortado e fixado à terra gera outra árvore; por isso é empregada para fazer cercas vivas, ao redor dos jardins; crescem depressa e dão frutos. Nota. Esta árvore, na Nova Espanha, é chamada pelos mexicanos Q uauhyaehuachtli, a qual Ximenes assim descreve:A árvore, diz, que produz pinhas ou nozes purgativas, é do tamanho medíocre, com folhas grandes como a bardana (Lappa), arredondadas e angulares; o fruto, quase semelhante às nozes comuns, contém três amêndoas, pequenas, divididas em septos e cavidades; muito semelhantes, na forma e medula, às nozes da pinha. Mas são dotadas de propriedades muito diversas, porque expelem por cima e por baixo todos os humores, principalmente crassos e lentos; são por isso empregados, nas doenças rebeldes; em número de cinco ou sete e não sei porque mistério ou causa, também nove. Devem também ser torradas, para que operem mais brandamente; depois devem ser maceradas no vinho ou na água; são naturalmente quentes e pingues. Nasce esta árvore, nas regiões quentes como Tepeapulco e outras. Estas coisas diz aquele autor. Tendo recebido do nosso Brasil frutos inteiros e bem maduros, procurei delineá-los bem vivamente, como são aqui apresentados. Empreguei diligência para que a planta fosse transportada para aqui, viva e íntegra, mas secou na viagem, por negligência dos marinheiros; contudo chegaram-me folhas e flósculos secos; as folhas concordam com a descrição de nosso autor; os flósculos estavam tão contraídas, que não era possível conhecer seu formato. Escrevia-me um amigo que enviava esta planta: quando esta planta sobe da raiz até à altura de dois ou três pés, a não ser que seja podada, se divide em muitos ramos e não se eleva mais. A casca dos rebentos e dos galhos, quando novos, é verde e glabra; quando se acham mais velhos é escabra e sulcada. As folhas nascem desordenadamente e aderentes aos ramos; na frente, são de cor verde carregado; na parte de trás, domina o verde claro; de um e outro lado, as folhas são lisas, minime vilosa, com veias distintas. A flor procede de um rebento; é pequena e de cor herbácea, formada de seis folíolos, tendo no meio uns estames verdejantes. Embora as flores sejam acumuladas, às vezes chegando a quarenta ou cinqüenta, raramente produzem mais de dois ou três frutos; a raiz é grossa e quase semelhante a Bryonia, mas lenhosa e descendo em linha reta para a terra; nas árvores já mais velhas, chega a medir quatro ou mais palmos. Raramente, no Brasil, apresentam mais de três núcleos; por isso pode parecer estranho que, na Nova Espanha, esses núcleos cheguem a nove, a não ser que sua força seja combatida pelo excessivo calor. De tudo que esses autores informam, claramente se manifesta que se deve apresentar esse medicamento purgativo com suma cautela, é se deve tomar em muita consideração a idade e força daqueles a quem é ministrado.CAAGUACUIBA (termo indígena). Árvore pequena; levanta-se com um caule ereto, não grosso, sem ramos. Em cima é coberto de copiosas folhas grandes, do comprimento de pé e meio, da largura de mais de um pé, com veias insignes que são moles e hirsutas ao tacto e verdes de um e outro lado. Produz flores congestas em forma de umbela, semelhantes às flores da Tília, brancas, compostas de cinco folhas, com um umbigo lúteo, no meio; o cheiro é como das flores da Tília. A casca da árvore é cinzenta; o lenho frágil; o fruto maduro é preto e é comido pelas aves.IPEROBA (termo indígena). Árvore de casca cinzenta, marchetada de pontos brancos; produz folhas crassiúsculas, semelhantes às folhas de nossa Trêmula, de cor verde escura, havendo, a maneira dos Phaseolus, três em cada pedículo que é do comprimento de dois ou três dedos. A madeira da árvore é branca como a Betula; serve para vários usos.