em água matam os peixes, de sorte que logo começam a sobrenadar e podem ser apanhados com as mãos.Conservei suspensa esta planta, no meu museu; produziu novas folhas, junto à parede; a madeira seca do caraguatá guassú arde como uma mecha sulfurada; pode-se acendê-la frixionando-a com um pau mais duro. Caraguatá acangâ. Lança de dentro da terra umas folhas de sete ou nove pés de comprimento, da largura de dedo e meio;, côncavas como um canal, de um verde-alegre; têm na origem, unhas avermelhadas; são grossas, acuminadas na extremidade, munidas de acúleos, a intervalo de cerca de dois dedos, nos bordos. Do meio das folhas, junto à terra, procedem muitas flores justapostas circularmente, de cor purpúrea cerúlea, com estames brancos, no meio; cada flor é do comprimento de um dedo; consta de três folhas.Produz um fruto comestível de cinco dedos de comprimento. Nota. Julgo que vale a pena ajuntar a descrição apresentada por Fr. Ximenes que a classifica entre as ervas. Metl, diz, que é chamada Maguey pelos mexicanos se divide em várias espécies, que descreverei ordenadamente. A primeira tem folhas semelhantes ao aloés; dela já tratamos no lib.I. Maguey lútea, chamada Mecoztli, é outra espécie. As folhas são lúteas nas orlas; os espinhos menores e pretos; as folhas, menores relativamente às da precedente; seu caule de cor vermelha mede dois côvados de altura e um dedo de grossura; a flor azulada, tendendo ao vermelho, nasce no alto do caule; a raiz é surculosa. Nasce nos lugares planos dos campos do México, em qualquer tempo, embora floresça só no tempo do calor; propaga-se pelos rebentos que caem, junto do caule. O cozimento de três ou quatro folhas com outras tantas silíquas de chiles (?) expele brandamente pelas fezes e urina os humores crassos e frios.Os médicos indígenas costumam dá-la às senhoras, alguns dias depois do parto, para confortá-las e dar-lhes novo vigor; o vinho das folhas como dizem, convém aos asmáticos; a planta por sua qualidade é fria e lúbrica.A terceira espécie, Metl, é muito pequena, espinhosa e verde escura; suas folhas servem para ser comidas assadas; são mais agradáveis ao paladar do que as outras; os indígenas a denominam Mexcalmetl. Nasce, em grande abundância, nas montanhas de Tepustlan. Mexocotl. Esta também é uma planta espinhosa, pertencente à espécie Maguey que produz um fruto doce ácido, semelhante à ameixa (daí lhe vem o nome) redondo, semelhante ao fruto, denominado, na América pinha (Pinna) às vezes é um pouco maior. Este fruto tem um suco comestível de gosto agradável; suas folhas são semelhantes ao Maguey ou de certo modo ao da planta, que da a pinnam (pinha); são espinhosos, vermelhos e quase murchos; o caule é bem redondo e grosso; a raiz, grossa e fibrosa. Seus frutos são cândidos um tanto avermelhados, semelhantes às glandes, cobertos de películas ou túnicas, debaixo das quais, se encontra uma polpa, como já dissemos, de um doce acre, do gosto das pinnarum (pinhas); cheios de semente redonda e dura; a princípio branca, vindo depois a tornar-se preta. Nasce esta planta em lugares pedregosos das regiões quentes como Tepea pulco; é fria e seca; o fruto esmagado e colocado ao redor da boca, cura as feridinhas produzidas pelo calor. Nequametl, com quem diz-planta que bebe mel. É uma espécie de Maguey semelhante em forma e propriedades, às demais plantas de seu gênero, peregrina e rara. Produz folhas um pouco mais grossas do que um dedo transversal, ásperas nas orlas até a ponta, que é agudíssima. O caule mede a grossura de um braço humano, sendo sua parte superior ocupada por um fruto alongado, da figura de uma pequena pêra que rodeia o caule em todas as partes; nasce nas regiões quentes. Nota. Não duvido que esta seja a planta, que descrevi na nossa história da América, lib. XVII, cap.VII Demos uma imagem dela, recebida de um amigo, que voltara da ilha Tabago; afirmava que esta planta, no espaço de seis meses, lança de si um caule, que chega a altura ate de trinta palmos; na sua ponta, nascem frutos, não semelhantes às pêras. Dizem que suas folhas suprem perfeitamente o sabão; junto aqui a imagem.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado