Encontram-se (diz Fr. Ximenes) várias espécies de Maguey, cujos nomes e diferenças já declaramos; as demais concordam com as precedentes em formato e propriedades. Denominam A primeira Mexoxoctli ou Maguey verde; a segunda de cor cinzenta Nexmetl; a terceira, Q uautimetl ou Maguey do monte, com o caule longo e grosso, raiz fibrosa; no mais semelhante às outras; a quarta, Huitzitzilmetl, com acúleos longos e rubicundos e raízes da mesma cor; a.quinta, Tepeametl ou Maguey Tapayaxin inteiramente semelhante ao precedente; a sexta, Acameti ou Maguey de canas, tendo a raiz branca e espinhos vermelhos; a sétima, Maguey preta pela cor, embora os espinhos tendam para o amarelo; a oitava, Xilometl ou Maguey pilosa, cujos espinhos e raiz são rubicundas; esta é a mais rara de todas. Tepemexcatli ou Maguey Montana. Tem o mesmo formato que a Maguey, sendo, porém, os espinhos menores e mais tenros. Esta planta restitue o movimento aos membros convulsos ou alvos de algum detrimento nervoso; nasce nos lugares pedregosos e montanhosos, como Tepuztlan. Tlacametl. Outra espécie de Maguey lútea: recebeu este nome por causa do tamanho; no mais se assemelha às demais espécies, quer pelo formato, quer pelas propriedades; particularmente restitue as forças e o vigor as mulheres debilitadas, atemorisadas por medo vão ou que sofrem de síncope. Teometl ou Maguey divina. Classifica-se esta planta entre as espécies de Maguey, que denominam Teometl, isto é, Maguey de Deus; assemelha-se ao formato e propriedades às precedentes; tem raiz longa e fibrosa, espinhos sutis e folhas de dois palmos. A bebida de seu suco ou sua aplicação externa cura os febricitantes; nasce nas regiões quentes e frias, lugares elevados e planos. Pati ou Maguey brando (pati vem a ser tênue e sutil) é muito semelhante ao Maguey; são, porém, as folhas mais estreitas, menores, mais tênues, tendendo na sua maior parte, à cor purpúrea. A raiz é grossa e fibrosa; é uma espécie de planta, da qual se extrai a Pita, * pois com ela se fabricam uns fios tênues elegantíssimos, que as mulheres mexicanas estimam muito e empregam para várias obras. Quetzalichtli, chamado por outros Metlpita ou Maguey de pita. Parece que deve ser classificado entre as espécies do Maguey, embora chegue à altura de árvore; sua raiz é grossa, fibrosa, pouco a pouco vai se afinando; as folhas são espinhosas semelhantes ao Maguey. Os indígenas se servem dela como do Maguey, mas o pano de seus fios é mais fino e de maior valor; nasce, nas regiões tórridas, como Aquaechula. Xolometl, isto é, veados de Maguey. É outra espécie de Maguey, que deita uma raiz, guarnecida de três orbículas unidas, de cor vermelha; delas procedem folhas, cobertas da parte média até à ponta, de uns raros espinhos vermelhos. O suco extraído das folhas, em quantidade de dez onças, mitiga as dores corporais, principalmente das juntas; restaura e restitue a faculdade de se mover; necessário é, porém, cobrir o corpo e acautelar-se, enquanto se faz uso desta bebida.Nasce no Huexocingo, junto das fontes e nascentes de água.JUREPEBA (termo indígena). Planta frutífera, que cresce até à altura de quatro, cinco ou seis pés; tem o caule lenhoso, coberto como os ramos de uma branca lanugem e uns espinhos, de um e outro lado. As folhas inserem-se cada uma em um pedículo, redondo, grosso e hirsuto, do comprimento de um palmo; são lanuginosas como as folhas do Eleny, de cor verde em cima; além disso são laciniadas e como que compostas de sete triângulos. Na sumidade dos râmulos, produz flósculos umbelados quase congestos, de cor leitosa com mescla cerúleo, que representam uma estrela de cinco ângulos, constando de uma só folha, modelada e quase dividida em outros tantos triângulos; no meio se acham eretos como que cinco pequenos estames. As folhas da Jurepeba, que não têm espinhos, são empregadas vulgarmente para curar feridas das pernas. Há, ainda, uma Jurepeba brava ou silvestre, a cujo respeito nada se encontra no autor.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado