Da mesma raiz, mastigada pelas mulheres com os dentes, para se tornar um polme, cozida em água, constitue uma bebida denominada Caon caraxu. As folhas da mandiiba, chamada pelos indígenas Manicoba, bem socadas num almofariz de madeira, cozidas com mistura do óleo ou manteiga, servem para se comer como Atriplex ou Spinachia.Exigem-se três, cinco e às vezes até vinte montinhos, para que das raízes se obtenha um módio de farinha (alqueire vulgarmente), o qual contém XXII cântaros holandeses.Módio e meio de farinha basta para um homem sadio, robusto, trabalhador, durante um mês; um módio custa quatro, seis, doze ou. até dezoito soldos holandeses; às vezes se vende mais caro, isto é, por vinte ou trinta soldos. Uso da mandioca em medicina A vitinga lançada a feridas antigas as purifica para que depressa sarem.A caaxima socada e tomada com água, em forma de xarope, é um antídoto.O mingau misturado com açúcar constitue um útil alimento para os doentes.
CAPÍTULO VIINo tas ao capítulo precedente. Fr Ximenes diz, sobre a Yuca da qual se faz o pão chamado Cazave, nas Ilhas e Quauhcamotli pelos mexicanos. A raiz da Yuca é pequena, não muito grossa; seus troncos crescem até à altura do homem; as folhas são semelhantes às do cânhamo. Nasce e é cultivada nas ilhas Hispaniola, Cuba e outras; nalgumas partes do continente da América, onde existem várias espécies da mesma. Da mesma fabrica-se um pão chamado Cazave da seguinte maneira: quebram e socam bem as raízes; em seguida espremem o suco, que é venenoso; com o elemento sólido preparam bolas e as assam ao calor do fogo; daí resultam bolos cândidos, sólidos e finos. Dão ao paladar a sensação da raspagem da madeira; ao pão denominam Cazavi. O suco é tão venenoso, que engulido cru mata imediatamente; cozido intensamente não só não mata, mas é saudável e nutritivo. Daí se origina a questão famosa entre os físicos (médicos), isto é, uma vez que os venenos, quentes ou frios, costumam receber maior força do calor e por ele corroborados mais rapidamente e com mais energia atacam o coração, por que motivo este suco, sem dúvida, venenoso torna-se inofensivo pela ação do calor. A esta questão assim responde o Dr. Cardenas: este líquido consta de duas partes diversas, sendo uma sutil, vaporosa e saturada de veneno; a outra, doce, viscosa, útil à nossa natureza. Logo que se faz a ebulição, a parte sutil e nociva se evapora, ficando a parte doce e saudável; poderiam ser aduzidas outras coisas em favor desta opinião. Desta raiz moída, coada ou passada pelo crivo fabrica-se ótimo amido. Estas coisas diz aquele autor. Monardes também, no cap. LII, dá uma história exata do cazavi, a saber: atribue-lhe folhas largas, abertas como a mão do homem; divididas em sete ou oito lacíneas. Observa que o suco da Yuca, que cresce no continente, não é de maneira alguma venenosa ou nociva; mas é mortal não sendo fervido, o da ilha Hispaniola.Oviedo descreve a mesma, no sumário, capítulo V e na História lib. VII, cap. 2, onde apresenta umas imagens grosseiras das folhas; da mesma fazem menção alguns autores, que escreveram sobre as coisas americanas. Diversa desta é a planta, que é comemorada pelos botânicos, sob o nome de Yuca, e que é geralmente cultivada pelos curiosos, nos jardins, veja-se sua descrição em João Batista Ferrário, Cultura das Plantas, livro II, cap. VIII.
CAPÍTULO VIII Arbusto anônimo. Manaca. Jaborandi arborescente. Maruuru. Deve ser denominada Anglaux ou Antilis leguminosa ou securidata (não se sabe com certeza qual corresponde à planta que descreve o autor). É uma erva arbustiva, que cresce até a altura de três ou quatro pés com muitos caules justapostos, lenhosos, retos, um pouco esbranquiçados, tendo ramos de um e outro lado. Produz nos râmulos folhas opostas (seis pares em cada um) e uma solitária, na extremidade. Estas folhas medem apenas um dedo de comprido; na parte de baixo são como que cobertas de uma lanugem esbranquiçada; na de cima, um pouco mais verdes. Junto de sua origem, procedem dos ramos outros isolados de cor mesclada de branco e encarnado, como a flor do lodão (Lotus). Depois das flores vêm muitas silículas justapostas, medindo dedo de comprido com a figura de um chifre de cabrito. Cada chifre contém cinco, seis ou sete grãozinhos (cada um encerrado em próprio invólucro); este