História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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cor verde e, quando se seca mais tende para o azul, até que se torna azul saturado ou azul celeste. Clus. Mangiriquam, palavra empregada pelo autor. Os autores portugueses que consultei a interpretam como sendo o basilicum ou Ocymum Uma tal equiparação me parece infeliz. Não se costuma fazer tijolinhos de Ocymum mas antes de Isatis que combina muito bem com a descrição desta planta. Até aqui o mesmo. Desta planta e do modo de fazer aquela cor já falamos, na descrição do grande império do Grão Mongol; acrescentaremos agora o que o Fr. Ximenes dá, no comentário das plantas da Nova Espanha.Xihuiquilitlpitzahuac, isto é, Annir de folhas finas. É um arbusto, que de uma raiz produz vários troncos, que chegam à altura de seis palmos e atingem a grossura de um dedo; é de cor cinzenta. Suas folhas são semelhantes às de Cicer; as flores são pequenas, de cor vermelha clara com algumas silíquas pendentes do caule conglobadamente, semelhantes a vermículos que chamamos ascarides; são um pouco grossas e cheias de uma semente preta, que não se compara mal com o legume. Esta planta é um pouco amarga; é aguda, quente e seca, no segundo grau; reduzida a pó cura feridas velhas, as quais devem ser antes lavadas com urina; daí vem que é chamada por alguns Palancapatli. As folhas socadas e aplicadas como emplastro, mitigam as dores de cabeça, principalmente nas crianças; também se aplicam ao cérebro, depois de maceradas em água. Com esta planta prepara-se o que os americanos denominam Tlacchoylimihuitl, que serve para tingir o cabelo de preto; nasce espontaneamente, nos lugares quentes, quer planos, quer montanhosos. Embora pensem alguns ser uma erva, parece-me que e o arbusto que vive dois anos com sumo vigor e íntegro viço. O modo de preparar o cerúleo que os mexicanos denominam Mohuitli e Tlecohuilli, e os espanhóis Azul, é assim: colocam as folhas colhidas num vaso de cobre, cheio de água morna (alguns a preferem fria) e movem com força até que a água fique tingida; em seguida derramam este líquido noutro vaso ou panela, em cuja parte superior, se acha um orifício do qual sai uma água mais clara (a turva e a impregnada pelas folhas fica por baixo); em seguida é passada por um saco coador de cânhamo e com a substância mais densa preparam-se pastilhas, que se expõe ao sol; finalmente colocam-se essas pastilhas em brasas ardentes para que sequem e endureçam.. Esta planta poderia facilmente ser cultivada, nos lugares quentes da Espanha, principalmente na Andaluzia e outros. A semente deveria ser lançada à terra, bem quebrada e revolvida (como a que se prepara para a alface) no mês de janeiro, se estiver úmida e regada. Se, porém, faltar um tal terreno, então em setembro e outubro; em tempo oportuno deveriam as plantas ser transportadas e colocadas em intervalos convenientes; finalmente deve-se empregar diligência para ser eliminado o joio, para que não sufoque as plantas tenras. Estas coisas diz ele.. OUTRA ESPÉCIE. Cresce até à altura de dois ou mais pés com um caule redondo, geniculado, lento, suculento; quase esponjoso ou arundinoso, verde, coberto aqui e ali de uns pêlos avermelhados. Junto aos nós do caule e dos ramos, acham-se folhas sem pedículos, sempre diretamente opostas duas a duas, do comprimento de três ou quatro dedos, estreitas, verdes como as folhas da Lysimachia, dotadas de um e outro lado de pêlos brancos e curtos, um pouco hirsutos. Junto dos nós, onde se acham as folhas, de um e outro lado, encontram-se dois pedículos justapostos, permanentemente eretos, do comprimento de dois ou três dedos, que sustentam em cima uma flor branca, circular, do tamanho da "Bellis", rodeada de pequenas folhas brancas, havendo num umbigo,