História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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assentadas três folhas, à semelhança de feijões, isto é, medindo três ou quatro dedos de comprimento, dotado de veias oblíquas, de cor verde carregada em cima e alvejante na parte anversa, tendo uma lanugem, que dá ao tato a sensação de seda.Num pedículo de três ou quatro dedos, que em cima se divide em outros mais curtos, brotam flores justaposta, em número de quatorze ou dezesseis, apegadas a cálices como síliquas de ervilha. A figura da flor é como duas síliquas de ervilha abertas, uma ficando introduzida na outra.Cada flor consta de cinco folhas, das quais quatro medem cada uma dois dedos; a última mede um dedo.Estas folhas não têm aroma e são de cor amarela; no meio, encontra-se um estame fistuloso, pálido, dividido em cima, em muitos fios, tendo cada qual um ápice fusco. A seguir, vêm síliquas do comprimento de um palmo ou até mais; da largura de três dedos; rugosas por fora, por serem dotadas de cerdas pungentes vermelhas, que não somente se apegam e espetam, mas ainda provocam pústulas ardentes, que só com espaço de oito dias se curam e causam uma terrível comichão.As síliquas, quando maduras tornam-se pretas; abrem-se e se desfazem; a superfície interior é como madrepérola, branca, lustrosa e quase polida; em cada uma se acham, no máximo, três feijões orbiculares, chatos, de cor amarela, com uma mancha semilunar de um lado, maiores do que o verticelo ("). Floresce em junho e julho; o fruto com as síliquas se assemelha a "Anagyris" de Car. Clus. Rar. Plant. Histor. pág. 93. Nota. Engana-se o autor em julgar que se assemelha ao fruto de Anagyris como claramente se vê, fazendo-se a comparação. Faz menção deste fruto Clus. Lib. II, Exoticorum cap. XI, e escreve que recebeu "lobos" recentes de Pernambuco, designados "Macouna"; depois plantou os feijões, vindo a germinar só um, que cresceu até à altura de dois côvados; como, porém, tardou a germinar não pode produzir fruto e um inverno prematuro o matou, não conseguindo dar rudimento algum de flor.Erva (o autor não menciona o nome). Alastra-se pela terra, tendo um caule cavo, que possui, de um e outro lado, folhas situadas em longos pedúnculos, cordiformes, rival de "Smilax".A flor é branca, grande, como uma argola de mesa (") com uma só folha, dividida em cinco ângulos havendo em baixo uma pálida estrela de cinco ângulos; não tem cheiro, nem é leitosa.ERVA (O autor não menciona o nome). Alastra-se longamente com seu caule sarmentoso, cinzento, um pouco piloso, que, a um intervalo de dois dedos, tem uma folha inserida em um curto pedículo, a qual mede quatro dedos mais ou menos de comprido; tem figura cilíndrica, com um nervo, no sentido longitudinal e algumas veias oblíquas, de cor verde pálida. Junto de cada folha, brota um mais curto pedúnculo, que sustenta três folhas cordiformes, nas quais se acha fixa uma flor com a figura de uma campainha, de cor branca, tendo no meio seis estames brancos, com ápices de cor escura. Os negros de Angola se alimentam das folhas e flores.IBATI (termo indígena). Planta de caule sarmentoso, cinzento por fora, verde por dentro, esponjoso, que se alastra pela terra ou se trança com outras plantas. Produz um par de folhas, em seus pedúnculos, opostas entre si e cordiformes, quando mais velha; alongadas, quando