atrás do lado norte de Ponto Negro, viu, antes de começar a desembarcar, dois ou três portugueses a cavalo, com alguns negros, os quais imediata mente desapareceram, e depois não viram mais pessoa alguma.Parece, todavia, que o inimigo receara que os nossos mais cedo ou mais tarde fossem ali, pois tinha montado uma trincheira ao longo de toda a enseada, na qual se havia de desembarcar; e, como a praia é cercada por uma terra elevada de cerca de dois piques de altura, íngreme para escalar-se e ascendendo dali para os montes mais altos, e a trincheira estava na primeira elevação do terreno, o inimigo, colocando-se ali poderia causar grande obstáculo ao desembarque dos nossos.Estando todos desembarcados, avançaram na seguinte ordem; a companhia do tenente-coronel e a do capitão Maulpas iam na vanguarda; as dos srs. delegados e a do capitão Gartsman, no centro; e a do major Cloppenburgh e Tailor, na retaguarda. Mantiveram-se à distância de dois tiros de mosquete da praia; depois, como o caminho se tornasse estreito e impraticável na enchente da maré, marcharam mais para o interior, e seguiram por uma estrada onde havia trincheiras. Chegando a uma altura, viram uma vela que vinha do mar e se dirigia para os nossos navios, e calcularam ser o Pegasus, com a companhia de Mansveldt, que tinha de vir de Itamaracá, a fim de reunir-se à esquadra; mas não esperaram por ela e marcharam para diante. Era um dia muito quente, o caminho muito fatigante, passando-se por altas dunas de areia e seguindo-se a maior parte por uma planície, a qual, por ser cercada daquelas, não permitia o refrigério da brisa. Durante as duas horas de marcha, não encontraram água doce, de sorte que alguns, devido à marcha forçada, estavam tão extenuados, que tinham de esperar pela retaguarda; chegaram assim, sem encontrar pessoa alguma, até quase à pequena cidade. Nesse ponto, havia uma casa numa coluna, donde o inimigo, por sua desgraça, deu alguns tiros, pois de outra fôrma os nossos seguiriam direito para o forte, sem ir ali; foi mandado, portanto, um sargento, com 20 ou 30 homens, que o expulsaram de lá, e conseguiram bom espolio, o qual, se não fosse atacado, poderia ter sido levado pelo inimigo.Pelas três horas da tarde, chegaram à vila chamada Natal, onde o tenente coronel deixou uma parte da tropa e marchou com o resto para o forte, o qual estava ainda à uma hora de marcha; e seguiram até verem a nossa gente junto à duna perto do forte, e, havendo-a reconhecido, acamparam juntamente por detrás daquela e mandou-se chamar a força que ficara na vila, a qual chegou ao acampamento ao pôr do sol. Nesse ínterim, o tenente-coronel foi fazer uma exploração do forte e do campo circunvizinho; o acampamento estava à distância de tiro de arcabuz do forte, mas defendido contra o mesmo pela duna. O inimigo atirou continuamente com canhão e mosquetes, e os nossos responderam-lhe de detrás da colina, com mosquetes; à tarde, o sr. van Ceulen foi ao Overijssel. O inimigo deu alguns tiros contra os navios, e do Overijssel fizeram alguns disparos, atravessando as casas do forte; o inimigo atirou uma bala, que bateu no castelo de popa daquele navio e num balde de
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional