História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

Página 342


desembarcar a tropa, porque não acharam prudente passar pelo forte, ao forçar a barra com os navios tão cheios de gente, e julgaram mais conveniente desembarcar em Ponto-Negro. Mas, como dali era muito longe do forte, para se transportarem todas as espécies de artigos bélicos e viveres, foi resolvido unanimemente que o commandeur Licht-hart, como o Overijssel, Ter-Veer, de Vleer-muys, Campen, Pernambuco, Leeuwerck, Spieringh, e Ceulen, entrasse no rio até acima do forte; e Smient, com o Vos, Naerden e o seu bote, ficasse fora, para impedir que o inimigo socorresse o forte ao longo da costa, com barcas, ou de qualquer outra firma.Havia ainda uma dificuldade, a saber: que os navios que tiveram ordem de entrar, levaram mais soldados do que podiam desembarcar depressa, porque de Ponto Negro havia ainda duas léguas de navegação até ao rio, e a preamar era ás 10 e 1/2 da manhã, ao que deviam atender, quando investissem a barra; mas o Windt-hondt, vindo ter inesperadamente com eles, fez desaparecer essa dificuldade, e colocaram tanta gente naquele yacht que tinha de ficar fora, que o resto podia ser transportado numa viagem só. Logo que todos os navios estivessem dentro, os que levavam a companhia do major de Vries deviam ir desembarcá-la ao lado norte do rio, para tomar ao inimigo um riacho de água doce, que sabiam existir ali e onde os do forte tiravam a água.O tenente-coronel Bijma, que comandava as tropas, estabeleceu a ordem em relação ás forças e determinou a fôrma em que deviam marchar. No dia seguinte, pela manhã, avistaram Ponto Negro e tomaram o rumo para lá, e, perto das sete horas, depois de feitas as orações, o sr. van Ceulen, o tenente-coronel e o conselheiro político Carpentier embarcaram-se na chalupa Duysent been, e os navios, que tinham de entrar, passaram as forças para os pequenos transportes. O commandeur Licht-hart investiu a barra do Rio Grande, com um vento fresco de leste. Ao avistarem os navios, os do forte começaram a atirar; os nossos, entretanto, avançando e chegando ao alcance do forte, fizeram-lhe um fogo nutrido, não lhe dando tempo de descarregar os canhões tanto quanto desejava.Abaixo do forte estavam duas caravelas, cujos tripulantes, vendo os nossos entrar tão resolutamente, fugiram, pelo que o commandeur Licht-hart mandou imediatamente o Spieringh e o Ceulen abordá-las e trazê-las; e esses vasos executaram tão depressa a ordem, que as caravelas foram levadas para dentro do rio ao mesmo tempo que os nossos navios. O commandeur fora também encarregado de desembarcar a companhia, que estava em seus navios, no ponto mais conveniente do lado do norte; mas, achando-se agora dentro e vendo a situação, achou ser aquilo desnecessário, pois era possível, com os botes, impedir o inimigo de ir buscar água. Achou, portanto, mais conveniente desembarcar no lado do sul; mas, como era apenas uma companhia, ele fez armar cerca de 150 marinheiros com mosquetes e arma branca; desembarcando com essa gente, marchou direito para o forte, a fim de tomar ao inimigo um poço de água, existente sob a duna situada em frente daquele, e impedir que lá entrasse mais pessoa alguma; e postou-se junto ao poço.Nesse ínterim, a outra força, desembarcada pelas 11 horas na enseada