História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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O tenente Velthem, que fora mandado para a barra do norte, a fim de levantar uma planta da costa da ilha, referiu, ao voltar, que o capitão Everwijn fizera uma expedição com as suas tropas no caminho de Goiana, e, depois de marchar algumas léguas, viu que todos os caminhos estavam obstruídos com arvores derrubadas; na ida, saquearam uma casa, e na volta fizeram dois prisioneiros. No dia seguinte, o sr. van Ceulen, junto com o coronel, o tenente-coronel e Carpentier, partiram com uma força para o passo de Itapissuma; ia também na expedição o comandante Licht-hart. Andaram por todos os lados, mas não viram ninguém; tiraram de uma bonita casa de campo, ao redor da qual havia muitos coqueiros, duas caixas de açúcar e dois botes do inimigo, e souberam que havia ainda um bote grande, o qual mandaram buscar. Acharam-no junto a uma barca, que se começava a construir; no dia seguinte, ainda foi encontrado um outro bote do inimigo, o qual levaram consigo. Acompanhava a essa, uma força de 100 homens, com ordem de ir à Maria Farinha; mas não puderam seguir nesse dia, por causa da chuva.No dia 6, chegaram ainda alguns portugueses, para pedir salvo-conduto, os quais informaram aos nossos sobre muitas coisas, e entre outras que estava tudo em desordem em Goiana, que o capitão-mór Salvador Pinheiro, depois da rendição de Itamaracá, desejou fortificar-se ali, mas que a sua gente não lhe quisera obedecer, e ele partira para a Paraíba; que Cavalcanti, depois disso, procuram uní-los, mas debalde.Outro disse que se formara uma disputa entre Antônio de Albuquerque, governador da Paraíba, e um dos mais poderosos habitantes daquela capitania, porque ele queria fazer grandes despesas para reforçar o forte de Cabedelo, e o outro julgava isso um dispêndio inútil, visto que os holandeses encontrariam um outro caminho ao longo do cabo Branco, e, desembarcando ali, iriam saquear a cidade, sem se importarem com o forte.Souberam, por eles, de um homem rico, de Itamaracá, que devia ter consigo umas 800 caixas de açúcar, o qual desejava tratar com os nossos, se fossem até lá.Escreveram-lhe e convidaram-no para vir fazer um acordo, ameaçando-o, se não o fizesse, e propondo-lhe comprar e pagar o seu açúcar.Nesse dia, partiu a força, que foi a Maria Farinha e voltou sem ver o inimigo, encontrando lá apenas quatro caixas de açúcar e quatro pipas perto do rio, tendo-lhe sido fácil carregá-las.No dia seguinte, os nossos prepararam-se para a expedição à Goiana, e mandaram para lá o commandeur Smient no yacht Phoenix e com o Spieringh, Kleynen-Tiger, a chalupa Ceulen, Swarten-Leeuw e Duysent-been, cinco botes grandes, além do yacht Canarie-Voghel, que já se achava na foz do rio Goiana.Neles havia cerca de 170 marinheiros, além dos quais se embarcaram: a companhia dos srs. delegados, com 104 homens; a do tenente-coronel Bijma, com 95 homens; a do major de Vries, com 105 homens; a do capitão Gartsman, com 99 homens; a de Everwijn, com 70 homens; e a do comandante Maulpas, com 100; de sorte que os soldados, com os agregados, deveriam montar a