História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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e a lua nova se fazia esperar, e também acharam preciso mandar vir uma companhia de fuzileiros do Recife, porque os mosqueteiros não podiam conservar tão bem as suas armas na humildade e na chuva; como isso, entretanto, exigisse muito tempo, puseram de lado tal empresa, e trataram, no dia seguinte, de reparar e prover as chalupas e botes do que precisassem para essa expedição.Nesse ínterim, chegou ao Recife, no dia 19, 't Vliegende Hart, da Zelândia, com 48 soldados; trouxe também um navio capturado em caminho, carregado com 220 pipas de vinho; e, no dia 22, chegou o navio Bonte-Koe, com 50 soldados. No dia 1° de Julho, chegou ao forte a chalupa Duysent-been, e referiu que o yacht Canarie-Voghel se colocara na foz do rio Goiana; e que a nossa gente desembarcara e subira umas três léguas rio acima, mas vira que todos os inimigos fugiram.Trouxeram um português prisioneiro, o qual fora barqueiro de carreira na foz do rio Capibaribe.Esse declarou que, havia cerca de 14 dias, uma caravela carregada de açúcar zarpara para a Madeira e estivera uns três dias em frente à barra; que em Goiana havia cerca de 300 habitantes, armados alguns com arcabuzes, outros com piques, e alguns só com terçados; que todos fugiram para lá e que o Cavalcanti e outros grandes senhores tinham ali os seus haveres, estando eles mesmos em suas casas.Essa chalupa partira da barra de Goiana na véspera e chegara ao meio-dia ou três horas à barra do norte de Itamaracá.A tropa, que tinham intenção de mandar voltar ao Recife, detiveram-na em Itamaracá, tanto mais quanto o sr. Gijsselingh escrevera do Recife, dizendo que recebera recentemente da República um reforço de recrutas bem regulares, e que poderia passar sem aquela gente.Souberam nesse mesmo dia, por um português, que tinha salvo-conduto, que todos os habitantes de Igarassú fugiram, e que lá só estavam 150 soldados, que destruíram tudo em redor e fizeram pior do que a nossa gente poderia ter feito.O mesmo informou aos nossos sobre certa casa, na qual havia cerca de 40 caixas de açúcar e situada no riacho Maria Farinha.À tarde, saíram duas forças, uma para o outro lado, para Pernambuco, e a outra para os Marcos.A primeira voltou no dia seguinte, pela manhã, sem nada ter feito, porque metade da força se havia transviado. A outra voltou à tarde; estivera na estrada do Arraial para a Paraíba e depois passara por detrás de Igarassú, onde estivera algum tempo; mas, não vendo coisa alguma, marchara cerca de uma légua ao longo da estrada da Paraíba; só achara uma casa, na qual estava um português com uma negra; o homem fugiu, abandonando lá a escrava.Também nesse dia foi mandada uma força para os Marcos, a fim de auxiliar a outra, se fosse preciso. Essa, chegando lá, depois que a outra já regressara, foi para certa casa, situada meia légua ao norte dali, onde encontrou algumas caixas de açúcar, de que trouxe tanto quanto ponde carregar.