e a lua nova se fazia esperar, e também acharam preciso mandar vir uma companhia de fuzileiros do Recife, porque os mosqueteiros não podiam conservar tão bem as suas armas na humildade e na chuva; como isso, entretanto, exigisse muito tempo, puseram de lado tal empresa, e trataram, no dia seguinte, de reparar e prover as chalupas e botes do que precisassem para essa expedição.Nesse ínterim, chegou ao Recife, no dia 19, 't Vliegende Hart, da Zelândia, com 48 soldados; trouxe também um navio capturado em caminho, carregado com 220 pipas de vinho; e, no dia 22, chegou o navio Bonte-Koe, com 50 soldados. No dia 1° de Julho, chegou ao forte a chalupa Duysent-been, e referiu que o yacht Canarie-Voghel se colocara na foz do rio Goiana; e que a nossa gente desembarcara e subira umas três léguas rio acima, mas vira que todos os inimigos fugiram.Trouxeram um português prisioneiro, o qual fora barqueiro de carreira na foz do rio Capibaribe.Esse declarou que, havia cerca de 14 dias, uma caravela carregada de açúcar zarpara para a Madeira e estivera uns três dias em frente à barra; que em Goiana havia cerca de 300 habitantes, armados alguns com arcabuzes, outros com piques, e alguns só com terçados; que todos fugiram para lá e que o Cavalcanti e outros grandes senhores tinham ali os seus haveres, estando eles mesmos em suas casas.Essa chalupa partira da barra de Goiana na véspera e chegara ao meio-dia ou três horas à barra do norte de Itamaracá.A tropa, que tinham intenção de mandar voltar ao Recife, detiveram-na em Itamaracá, tanto mais quanto o sr. Gijsselingh escrevera do Recife, dizendo que recebera recentemente da República um reforço de recrutas bem regulares, e que poderia passar sem aquela gente.Souberam nesse mesmo dia, por um português, que tinha salvo-conduto, que todos os habitantes de Igarassú fugiram, e que lá só estavam 150 soldados, que destruíram tudo em redor e fizeram pior do que a nossa gente poderia ter feito.O mesmo informou aos nossos sobre certa casa, na qual havia cerca de 40 caixas de açúcar e situada no riacho Maria Farinha.À tarde, saíram duas forças, uma para o outro lado, para Pernambuco, e a outra para os Marcos.A primeira voltou no dia seguinte, pela manhã, sem nada ter feito, porque metade da força se havia transviado. A outra voltou à tarde; estivera na estrada do Arraial para a Paraíba e depois passara por detrás de Igarassú, onde estivera algum tempo; mas, não vendo coisa alguma, marchara cerca de uma légua ao longo da estrada da Paraíba; só achara uma casa, na qual estava um português com uma negra; o homem fugiu, abandonando lá a escrava.Também nesse dia foi mandada uma força para os Marcos, a fim de auxiliar a outra, se fosse preciso. Essa, chegando lá, depois que a outra já regressara, foi para certa casa, situada meia légua ao norte dali, onde encontrou algumas caixas de açúcar, de que trouxe tanto quanto ponde carregar.
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional