História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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e à tarde deram salvas de canhão e mosquetaria, em regozijo por essa fácil vitória.Foram encontrados lá um canhão grande de bronze, dos que atiram 24 libras de ferro; duas peças de campo, de bronze, de 16 e 10 libras; três pedreiros de bronze; oito canhões de ferro; 231 balas; seis vasilhas de pólvora estragada, etc.Tomaram mais, no passo para Igarassú, cerca de 2.000 balas de 24, 18, 10, 6, 5 e 2 libras e seis caixas com balas de mosquete, cada uma de 100 libras, mandadas da Paraíba para a provisão do Arraial.No dia seguinte, uma força de 30 homens, sob o comando do sargento Bonart, saiu do forte e foi ao outro lado, onde havia várias casas, mas só achou lá uma mulher com uma criança, pois todos os outros moradores haviam fugido.Foram mandados, além disso, o yacht Nachtegael, a chalupa Ceulen e todos os botes, com duas companhias de fuzileiros, as de Bijma e Gartsman, assim como 40 ou 50 mosqueteiros sob o comando do major de Vries e do comandante Jan Cornelisz. Licht-hart, ao rio que passa por Igarassú, a ver si havia açúcar em certo engenho.Chegaram bem perto do mesmo, mas acharam ali o rio tão estreito, que o yacht não podia virar e os galhos das arvores iam de um lado a outro. Havia apenas cinco e meio pés de profundidade, e o rio estava atravessado por uma estacada, existindo apenas uma pequena abertura no meio, por onde só podia passar um bote de cada vez. O inimigo tinha ali um reduto, por trás do qual, segundo o calculo, pela descarga que deram, deviam estar 100 homens. Vendo que havia pouco que fazer ali, e receando que o rio secasse na vazante, os nossos retrocederam.No mesmo dia, os portugueses, que fugiram para o mato com as mulheres e crianças, mandaram dois dos seus ao forte, pedindo transporte para o outro lado do rio, em Itapissuma.No forte lhes propuseram que ficassem morando e os deixariam estar na posse das suas casas e lavouras e teriam a liberdade de consciência, ou, se quisessem retirar-se, deveriam vir francamente ao forte e os mandariam embora sem dano algum; um deles obteve uma salvaguarda, para ficar morando perto daquela passagem. Depois disso, deliberando-se como melhor se fortificaria a praça e a ilha, foram em primeiro lugar à passagem de Itapissuma, por ser aquele lugar da maior importância. É um caminho de cano, cujo percurso se faz em uma hora e meia de marcha, conduzindo do forte ao canal entre a ilha e o continente e terminando num portosinho estreito, margeado de ambos os lados por mangues crescidos; daí se atravessa o canal em botes, sendo à distância de um lado a outro a de um tiro de mosquete.Seguindo para lá, falaram em caminho com muitos habitantes, que ainda pediam fossem transportados para o outro lado, e, ao voltarem, souberam, por um negro, que alguma gente do inimigo estava junto ao porto da passagem; entretanto, um porta-insígnia do inimigo, que viera do outro lado, segundo afirmou, para retirar a irmã do mato, negou-o. Nesse mesmo dia, aplanaram