História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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o caminho, que estava muito arruinado, entre o forte e a praia, para trans portar mais facilmente todos os recursos.À noite, saiu o próprio coronel com duas companhias, desembarcou ao alvorecer no passo de Itapissuma e marchou até à casa onde diziam que o inimigo estava, mas não encontrou ninguém. Depois de incendiá-la, dirigiram-se os nossos ao caminho de Igarassú e seguiram por terra até ao engenho em cuja vizinhança estiveram antes, porém o encontraram abandonado e havendo nele apenas 15 ou 16 caixas de açúcar. Marcharam para diante até a pontezinha situada sobre o rio, não distante de Igarassú, a qual é tão estreita, que por ela só pode passar um homem de cada vez.Apresentou-se aí alguma gente, que, enquanto os nossos se retiravam, os perseguiu, mas pouco dano lhes causou. Ao meio-dia, regressaram os nossos ao quartel. No dia seguinte, à tarde, foram explorar o monte, onde o inimigo, no último de dezembro passado, teve uma bateria, e não pouco admirados ficaram da extensão das obras feitas naquele tempo pelo inimigo.Á tarde, vieram dois portugueses da terra firme, pedindo salvo conduto com o propósito de atravessarem do outro lado para cá, à noite, negociar as suas fazendas com os nossos e comprar o que achassem necessário. Foi-lhes concedido o que pediam, contanto que não denunciassem ou não descobrissem os movimentos dos nossos, e, como um tributo, cada um deles tinha de dar uma novilha para fazer-se criação. No dia seguinte, mandaram para o Recife dois botes e uma chalupa; e, como não era precisa aí toda a gente, resolveram mandar uma companhia e o contingente para Pernambuco, com os yachts Vos e Oost-Cappel. No dia 24, chegou o capitão Everwijn, da Holanda Setentrional, trazendo um soldado português, que prendera na expedição por terras, tendo consigo várias cartas.Soube-se, por elas, que os moradores se internaram e na maior parte se estabeleceram em uma aldeia situada cerca de três léguas da costa e chamada Pariva (não é a mesma coisa que Paraíba) e que o capitão-mór de Itamaracá marchara para Goiana e tinha o desígnio de construir ali um forte, mas tinha pouca gente consigo; pois o reforço, que lhe foi mandado de Goiana, não excedia de 40 soldados.O sr. van Ceulen, junto com os oficiais superiores do exercito, e o commandeur Licht-hart foram nesse dia, numa chalupa, pelo canal entre a ilha e o continente explorar todas as entradas para a ilha.Acharam, além do passo de Itapissuna e de um junto ao rio Araripe, outros portosinho mais; mas a costa da ilha está coberta por toda parte de mangues crescidos, situados sobre terrenos pantanosos, que em alguns lugares tem de largura meia légua, em outro um pouco menos. É nessas falhas dos mangues que se encontram os portosinho.Chegaram à tarde à barra do norte e desembarcaram naquela extremidade da ilha, onde a gente do capitão Everwijn estava num pequeno reduto na praia, e foram depois examinar certo montículo, onde o inimigo montam uma peça em Dezembro, para impedir a entrada dos nossos.