História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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O barco Sandyck foi mandado mais longe, à barra norte do canal de Itamaracá, para, ao mesmo tempo que os outros atacassem o canal pelo sul, desembarcar na extremidade norte da ilha o capitão Everwijn com 70 homens de sua companhia.E o yacht devia ir para um lugar conveniente, perto dali, para impedir que o inimigo mandasse gente em socorro do forte. Depois de meio-dia, a chalupa Duysentbeem entrou pelo sul do canal e passou pelo forte, sem ser hostilizada. Os botes de todos os yachts receberam ordem de subir e descer o canal na próxima noite, a fim de impedirem por todos os meios que o inimigo mandasse mais gente para a ilha.O forte não atirou mais depois do meio dia, pois se via pouca gente junto ou em qualquer lugar próximo, de sorte que os nossos julgaram que as forças do inimigo haviam partido para a passagem de Itapissuma, a fim de impedirem o desembarque dos nossos.De manhã, os botes trouxeram presas duas mulheres portuguesas, as quais encontraram no mato da ilha, e por elas souberam que havia pouca gente no forte e estavam mal providos de tudo, pelo que se viram obrigados a mandar embora para a ilha a todas as mulheres.Os nossos mandaram do forte Orange 25 soldados para o lugar onde o inimigo tivera antes uma bateria, os quais, voltando, referiram que lá não encontraram ninguém, e, como os nossos compreenderam que devia haver um caminho do monte onde estivera instalada a bateria para o forte, o coronel resolveu procurá-lo, com o fim de mandar alguma gente por ele, para atacar por vários meios o inimigo, que estava tão falto de gente, e obrigá-lo a dividir a sua exígua força.O coronel fez ocupar aquele monte por 35 homens e fez construir uma pequena trincheira perto do reduto do inimigo. E, para melhor sondar-lhe o animo, mandou-lhe de manhã uma mensagem, exigindo a rendição do forte. Mas o capitão-mor Salvador Pinheiro respondeu, desdenhosamente, que tinha meios suficientes para defender a praça, que não estava tão mal provido de viveres, como os nossos julgavam, e que também os portugueses bem poderiam roer solas, si o serviço do rei o exigisse.O coronel, nesse interior, tendo conseguido fazer vir algumas mulheres, que estavam no mato, enviou-as à praça e fez-lhe segunda intimação, ao que aquele respondeu pedindo armistício por 4 horas, tendo-lhe sido concedidas duas. O capitão-mor enviou um capitão a conferenciar com os nossos. Fizeram então o seguinte termo de capitulação: que a guarnição sairia com armas na mão e mechas acesas, com todos os habitantes (excetuando os que quisessem ficar com os nossos), com todas as imagens e alfaias da igreja, etc. e seus haveres.O tenente-coronel marchou em pessoa para lá, com duas companhias, e apoderou-se das duas portas. No dia seguinte, o capitão-mór e os habitantes saíram, contando-se 60 homens, além das mulheres e crianças, negros e negras; foram transportados em botes para o passo de Itapissuma.Depois disso, os nossos fizeram um Te-Deum em ação de graças na igreja