História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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e por nós, que nisso seguimos as vossas pegadas, porque jamais procederíamos tão duramente, se não fora terdes dado o exemplo? Mas veremos, no fim, quem será o primeiro a cansar-se. Pela cópia, que juntamos a esta, de uma caria do conde de Bagnuolo a D. Frederico, interceptada pelos nossos no navio de Roque de Barros, podereis saber o que vossos chefes julgam da vossa situação, vede que forças podem expedir para a vossa defesa. Ficai certos de que não tendes a esperar socorro, nem esquadra alguma da Espanha, para libertar-vos. Como se vê pelas cópias, juntas a esta, de cartas de Portugal para alguns dos vossos, estais abandonados pelo rei; os seus cuidados são desviados de vós e dirigem-se a outra parte, preocupa-se com outros pontos; ele reflete como fará frente a S. M. o rei da Suécia e o príncipe da Alemanha e ao seu exército vitorioso, que já bateu por várias vezes o imperador e quase o expulsou de toda a Alemanha, razão por que os súbditos em Portugal e noutras partes estão tão oprimidos como ambos nós sabemos por várias cartas de Portugal; por outro lado, sabeis também que esperamos qualquer dia destes a nossa esquadra, que nunca se viu igual nesta costa, e, se até agora vos defendem tão mal, imaginai como correrá depois; por isso, nós vos prevenimos em tempo, para entrardes em relações conosco, porque, chegando maiores forças, não temos a certeza se obtereis tão boas condições como as atuais. Não viemos aqui para tomar-vos os vossos bens, mas sim para deixarmos que os gozeis pacificamente.Não queremos oprimir-vos com tão fortes tributos como a Espanha vos tem imposto, e podereis gozar a mesma liberdade de religião, que é concedida a cada um de qualquer religião que seja em nosso país.E, para que melhor possais ressarcir os danos sofridos durante a guerra, é-vos permitido, não somente o livre comércio no nosso país, que bem, sabeis que é muito mais vantajoso que em Portugal, mas também serão reduzidos à metade todos os direitos que pagais ao rei.E desejamos que mediteis sobre o que foi acima expendido, para que se veja que cuidais da vossa guarda e bem estar das vossas mulheres e filhos.Ficai avisados igualmente de que, no caso de persistirdes sem motivo na mesma obstinação e de não aceitardes o nosso governo, tendes a esperar todos os extremos causados por uma guerra justa e de um inimigo de cuja paciência e magnanimidade abusaram no mais alto grau.Era endereçada - Aos senhores de engenhos e moradores do Brasil. Mas isso não deu grande resultado, porque os habitantes estavam muito sujeitos aos militares, e o governador Albuquerque queria tentar até o extremo e confiava sempre na vinda de socorro da Espanha.Como de vez em quando, apesar da nossa vigilância, entrassem algumas caravelas com viveres e soldados no porto atrás do cabo de Santo Agostinho, o inimigo fortificou-se muito naquele ponto e montou um grande forte, sendo ali o principal lugar, por onde recebiam recursos de todo o gênero.O governador, tendo sido avisado por várias vezes, por um prisioneiro, de que um mulato estava sempre a fazer viagens ao acampamento inimigo, empregou tanto zelo, que finalmente o prendeu, e ele confessou ter ido de quando em quando à mata, a mandado do seu patrão Leonardt van Lom (que era empregado,