História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

Página 265


Porto Francês e procurar causar dano ao inimigo, sendo o último alvitre aprovado por todos. Não voltara ainda no dia 21 o yacht Eendracht, no qual ia uma companhia, e que não tinham visto desde o dia 18, quando o perderam de vista.Agora, todos juntos partiram da Barra Grande e ancoraram no dia 25, ao meio-dia, diante do Porto Francês.As quatro companhias de fuzileiros e o contingente de mosqueteiros foram imediatamente desembarcados. O inimigo, tendo visto da montanha que os nossos se dispunham a desembarcar ali, colocou-se atrás da praia em boa posição de defesa, para impedir o desembarque; mas, depois de darem alguns tiros e ferirem a alguns dos nossos, puzeram-se a fugir. Tendo desembarcado as tropas e colocando-as às pressas em ordem de batalha, o governador marchou quase três léguas para o interior até um engenho de açúcar (passando, sem causar dano, por um outro). Encontrou aí alguma resistência; mas, dando a vanguarda um forte assalto, o inimigo esmoreceu e fugiu, de sorte que a nossa gente repousou ali durante a noite. Encontraram algumas caixas e umas mil fôrmas e vasilhas com açúcar; mas, como não havia meios de levá-las de tão longe, no dia seguinte, ao amanhecer, incendiaram e destruíram o engenho e todas as casas adjacentes. Seguiram ainda cerca de uma légua para diante até um outro engenho com algumas casas, e procederam do mesmo modo que com o precedente. Os habitantes da circunvizinhança começavam a agitar-se, e era tempo, portanto, de retirar-se; cerca de 130 portugueses e índios seguiam atrás dos nossos, mas não lhes fizeram dano algum.O governador, tendo chegado à praia e vendo que os inimigos o vinham ainda perseguindo, armou uma emboscada de 30 homens na mata para apanhá-los, e, indo mais adiante, mandou uma força da retaguarda passar pela emboscada, o que era preciso, para ir em auxílio daqueles.Os inimigos, que o vinham seguindo de longe, passaram pela emboscada sem suspeitar, e os nossos, atacando-os de improviso, puzeram-nos em debandada, excetuando cinco índios, que se atiraram na água, e os nossos os perseguiram, com uma chalupa, mataram um a tiro e trouxeram os outros quatro presos, os quais foram executados na praia, em represália à crueldade que usavam contra os nossos, não lhes dando também quartel. Tendo realizado isso, embarcaram todos no dia 26, e no dia seguinte chegaram ao Recife; mas o Eendracht só chegou lá no dia 30.Nesse ínterim, foi resolvido na República, pela Assembléia dos XIX, mandar dois diretores para exercerem no Brasil a suprema autoridade; e foram escolhidos para isso os srs. Mathias van Ceulen, principal acionista, diretor pela Câmara de Amsterdã, e João Gijsselingh, diretor na Câmara da Zelândia por Vlissinghen. O primeiro partiu de Texel no dia 8 de Outubro, com os navios: Fama, de 300 lastos, 10 canhões de bronze e 28 de ferro, tripulado por 130 marinheiros e levando 120 soldados, e do qual era capitão Jan Jansz van Hoorn; Zulphen, 250 lastos. 14 canhões de bronze e 26 de ferro, 91 marinheiros, capitão Chies Voghel; e o Otter, 90 lastos, 6 canhões de bronze e 14 de ferro, 58 marinheiros, capitão Cornelis Cornelisz. Jol. Seguiu-os no dia 11 o Haringh,