História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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De sorte que, no dia 15 de Outubro, à tarde, se fez à vela com os navios Overyssel, Muyden, de Brack, den Eenhoorn, Eendracht, Naerden, com cinco grandes botes, uma chalupa grande e uma pequena, levando cinco companhias de fuzileiros e uma de 63 mosqueteiros.Não estava completamente resolvido se iria para o norte ou para o sul, mas quis dirigir-se à vontade do vento, porque os portos de um e outro lado lhe eram agora bem conhecidos. Saindo da barra, tiveram forte vento de leste, de modo que achou melhor fazer outra expedição à Barra Grande, e mandou que tomassem aquele rumo. No dia seguinte, à tarde, viram que tinham descaído um pouco para o sul da Barra Grande; e, como para navegar para lá o vento e também a corrente eram contrários (e esta, nessa época do anuo, dirige-se com força para o sul), não podiam antes do dia 18 pela manhã chegar ao canal do norte da Barra Grande, e isso apenas com três navios, estando os outros três mais atrás. Ele desembarcou imediatamente com duas companhias de fuzileiros e mosqueteiros e marchou com elas (como não havia esperança de que as outras companhias o seguissem tão depressa) ao longo da praia, por cerca de três quartos de légua, em direção ao sul, e enveredou dali para o interior obra de quatro léguas, por estradas muito fatigantes e perigosas e por cima de altos montes pedregosos, onde o inimigo se mostrou algumas vezes e deu alguns tiros sobre as nossas tropas. Continuaram a marchar até 11 horas da noite, e então repousaram em um monte, até amanhecer.Caminharam ainda uma hora para diante, e chegaram, pelas 7 horas, a um engenho de açúcar, achando-o vazio, assim como as casas que o cercavam.Enquanto o governador estava ocupado aqui, fundeou o yacht de Brack na Barra Grande.A companhia, que ia a bordo, imediatamente desembarcou, e cumpriram a ordem deixada pelo governador e transmitida pelo commandeur dos navios, a fim de irem ao longo da praia para o norte, reduzir a cinzas duas belas casas que ali havia. Mas, antes que pudessem chegar lá, o inimigo retirou tudo que pode e incendiou-as depois, com algumas caixas de açúcar e tabaco; os soldados, todavia, ainda encontraram algum tabaco e pilharam-no.O governador libertou naquele engenho dois marinheiros, salvos na batalha do general Pater e trazidos prisioneiros para ali, e soube por eles, que os portugueses, tendo visto os nossos quando vinham no mar, foram esconder os seus haveres, e agora estavam ocupados em reunir o povo dos campos, para caírem em cima de nossas tropas. Considerando a sua exígua força e a estreiteza dos caminhos por onde tinha de passar, não achou prudente demorar ali, e resolveu voltar à Barra Grande, mas os nossos incendiaram antes o engenho de açúcar e puzeram abaixo as casas, assim como tudo que encontraram.O inimigo seguiu-os e hostilizou-os, de sorte que houve alguns feridos; chegaram, à tarde, ao acampamento, ao mesmo tempo que a companhia que estivera no norte. Descansaram ali nesse dia, reembarcando no dia 20. Quando estavam a bordo, o governador deliberou com os oficiais superiores se deviam voltar ao Recife, ou se, como fora resolvido antes, convinha desembarcar no