História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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no Ponto Negro, o primeiro distando uma légua e o segundo duas ao sul do Rio Grande. Tomando em consideração o fato de ser o mar muito agitado em Ponto Mourisco, julgaram esse lugar inconveniente para o desembarque, conquanto ficasse mais próximo e mais direto; e considerando que em Ponto Negro o mar era calmo, escolheram unanimemente esse lugar listavam então ancorados a 18 e 20 braças num fundo de areia, a duas léguas da costa; sondaram um cabo (atrás do qual, pelos cálculos, estava o Rio Grande) a cinco léguas de noroeste para o norte; e tiveram pelo cálculo do meio dia a latitude de 6o.No dia 24, ao alvorecer, levantaram âncoras, com uma boa brisa de lés-sudeste, e ao meio dia acharam a latitude de 5o, 40' à distância de duas léguas da costa. O almirante convocou novamente o Conselho de Guerra e os capitães de navios para bordo; e, como encontrassem ali um fundo muito desigual e pedregoso, achando-se, por exemplo, na sondagem, em um lugar 10 braças de água e noutro, logo adiante, 5 braças, o que impedia os navios grandes de acercar-se da costa sem correrem grande risco, visto não a conhecerem, sendo, contudo, imprescindível a aproximação para o desembarque; e, considerando os perigos a que estavam expostos em uma costa tão desconhecida e tão cheia de abrolhos, foi resolvido unanimemente pelo almirante e pelos capitães de navio cruzar com os navios grandes nas imediações, enquanto os barcos menores fossem até à costa para sondá-la e verificar se havia algum ancoradouro e facilidade para desembarcar a gente, sendo-lhes ordenado que, no caso de serem felizes, fizessem sinal para seguirem para lá com os navios grandes. A esquadra lançou ferro à tarde, depois do pôr do sol, a 9 braças em fundo de coral, a cerca de 3/4 de légua da costa. O almirante e alguns capitães, nesse ínterim, dirigiram-se para perto da costa; e tendo examinado tudo, voltaram depois de meio dia para os navios grandes e declararam não haver encontrado lugar algum de fácil desembarque como Ponto Negro, a cerca de duas léguas ao sul do forte do Rio Grande. Mas, como julgaram que esse lugar estava situado muito longe para se transportarem convenientemente às forças, resolveram examinar melhor os lugares mais próximos. No dia 25 o conselheiro político Carpentier, o almirante, o major Bersteth e mais alguns capitães de navios e do exército, juntamente com o engenheiro Pieter van Bueren, dirigiram-se para a costa com três chalupas e examinaram minuciosamente desde Punta de Marchena, uma pequena légua ao sul do Rio Grande, até este ponto, mas não acharam em parte alguma possibilidade de desembarcar ou de chegar com botes, visto que a praia é por toda parte pedregosa e há forte arrebentação. Viram o inimigo na praia com 25 a 30 homens, a pé e a cavalo. Continuaram a navegar ao longo do recife e do forte; viram que este era sobre o recife, a cerca de um tiro de mosquete da terra firme, construído de pedra, com muralhas muito altas. Parecia ter uma tenalha para o mar e avistavam-se perfeitamente os flancos dos dois baluartes, colocados contra a entrada do porto e que dominava além do porto, até o rio; viram que havia muitos canhões (contudo apenas deram um tiro contra os nossos) e que era muito maior do que o forte do Mar, em Pernambuco. Também observaram que se deve estar bem a barlavento para entrar no rio, e que a barra deste é muito mais estreita do que a do porto do Recife, de Pernambuco. Voltando para bordo depois desses