História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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exames, todos os oficiais de terra e mar acharam que não havia lugar algum mais cômodo para desembarcar do que Ponto Negro; e que era inconveniente dar-se o desembarque ali por ficar a grande distância do forte e por ser difícil a marcha pelas dunas de areia, e no resto do caminho, subindo e descendo morro.Então foi proposto pelo conselheiro político Carpentier que se entrasse no rio e se desembarcasse acima do forte. Contra esse projeto os capitães de navio levantaram fortes objeções, pois correriam o risco de ter um ou outro navio posto a pique, e pela estreiteza do canal os primeiros estariam dentro e os mais atrasados ficariam fora.Deviam ter refletido bem sobre essas dificuldades, porque os oficiais do exército tinham apostado no Conselho de Guerra que obrigariam o forte a render-se em quatro ou cinco semanas; mas os outros, vendo que não havia possibilidade de tomar, com as forcas que tinham, um forte situado sobre um rochedo no mar afastado de terra um tiro de mosquete, não somente no prazo indicado, mas mesmo em muito maior, receavam que os navios tivessem de ir explorar infrutuosamente (e não poderiam fazê-lo senão com sondagem) e que desta vez pudesse o resultado ser pior que da primeira.Por essas razões, ficou finalmente resolvido que não convinha tentar coisa alguma contra o forte do Rio Grande. Mas, como estavam aí com os navios e a força, decidiram fundear e desembarcar ao norte do Rio Grande, em algum lugar cômodo, e parar ali 8 ou 10 dias, para ver se os índios queriam chegar-se aos nossos e fazer aliança contra os portugueses , por esse meio conseguindo o fim desejado. No dia 26, ao raiar do dia, foram mandados o major Bersteth e o engenheiro, na chalupa do almirante, para explorar uma Baia chamada Genipabou, quase a uma légua ao norte do forte. Tendo explorado e sondado tudo acharam-na e mandaram o Zeeuwsche Jagher procurar um ancoradouro; ao encontrá-lo junto à costa, o navio deu um tiro, e os outros levantando ferro ao meio dia entraram na Bahia e fundearam a 8 e 8 1/2 braças em bom fundo de areia, estando o forte a su-sudoeste deles, e, como já anoitecera, não acharam prudente desembarcar a gente antes da manhã do dia seguinte. No dia 27 desembarcaram sem resistência alguma e armaram um acampamento, para ficarem mais garantidos; alguns se dirigiram para um sítio de um português, onde arranjaram porcos e galinhas. Um negro veio voluntariamente ter com eles e declarou o seguinte: toda a gente fugira para o forte do Rio Grande; havia na vizinhança muito gado que a noite voltava ao curral; existia outro sítio uma légua ou duas ao norte, e nele poderiam obter maior quantidade de refresco; mas na circunvizinhança não morava índio algum.No mesmo dia chegou ali o commandeur Smient e contou que não encontrara o navio Nieuw-Nederladndt no lugar em que tinha ordem de esperar e deixara o 't Wapen van Hoorn junto às Salinas. Resolveram mandar novamente o commandeur para lá, afim de dizer ao 't Wapen van Hoorn que fosse a S. Martin e depois seguisse para a República com uma carga de sal. No dia seguinte surpreenderam no curral, situado cerca de um tiro de mosquete do acampamento, 40 rezes, que foram repartidas pelos navios e companhias; e no dia seguinte trouxeram 50 porcos do outro lado de um riacho situado ao norte do acampamento. No dia