desembarcar, tendo um ficado ferido pelos tiros disparados de dentro do mato, e assim voltaram para bordo, nada havendo conseguido.No dia seguinte partiram dali à vela e, ao passarem pelo forte, de lá lhes deram 3 tiros, e, tendo navegado 6 léguas, ancoraram por detrás de um cabo, onde há muitos recifes debaixo da água; os índios chamaram aquele cabo Opese; aí foram eles de novo desembarcados, pedindo que o navio os guardasse dois dias, pois esperavam realizar a empresa naquele prazo. Depois disso a gente de bordo nunca mais os viu, sendo de recear que lhes acontecesse qualquer desgraça; e, para encurtar, como aparecessem, a princípio 10, depois 15 e mais portugueses armados de fuzis, os nossos seguiram com o navio para buscar sal nas ilhas e, chegando à República, tiveram muito que contar.O commandeur Smient partiu no dia 25 de Novembro para o Recife, relatou ao Conselho que desembarcara os índios e que três desses haviam encontrado no caminho para o Ceará um português que levava consigo 17 mulheres e crianças dos Tapuias, com o intuito de vendê-las no Rio Grande, e que com o mesmo estavam 8 índios de (Joana, duas léguas distante do Ceará. Chegando-se os nossos a eles e declarando-lhes o motivo da sua viagem, os índios imediatamente se lhes uniram e combinaram matar o português; realizado isso, vieram os Tapuias com Andries Tacon para bordo do Nieuw-Nederlandt, e os outros prosseguiram a sua viagem. Pensava que as negociações com os Tapuias e outros índios estavam bem encaminhadas, pois eles haviam proposto entregar o forte do Ceará às nossas mãos, e, logo que os nossos quisessem tomá-lo, sitia-lo-iam com os marinheiros. Disse mais que deixara na costa o navio Nieuw-Nederlandt, com ordem de esperar por sua volta com reforços.O Conselho, tendo ouvido e refletido sobre tudo isso, resolveu reenviar para lá o commandeur Smient e dar-lhe o 't Wapen van Hoorn e 40 soldados da companhia do Colster. O commandeur fez-se à vela no dia 1 de Dezembro. Depois contaremos seus feitos.Ficando resolvida a expedição para o Rio Grande do modo como já referimos, preparou-se tudo às pressas, e no dia 21 partiram com 14 vasos, entre navios e yachts, e 10 companhias de soldados.Os navios eram: Gennieerde Provintien, Groot Hoorn, Amsterdã, Amersfoort, Omlandia, Monnickendam, de Zeeuzvsche Jagher, 't Wapen van Delft, Goude Leeuw, Maeght van Dordreeht, Vriessche Jagher, 't Wapen van Medenblick e duas chalupas: as companhias eram as do tenente-coronel, dos majores Bersteth e Grave, dos capitães Drossaert, Levijn, Meppelen, Hellingh. Winder-Hoet, d'Autry e Palmer. Foram com esta os mesmos chefes e conselheiros que estiveram na anterior expedição à Paraíba. No dia 22, ao meio dia. estavam a 7°, 24' e à noite achavam-se a leste da Paraíba, a cerca de quatro léguas da costa ; navegaram para noroeste e à noite tomaram o rumo de nordeste. No dia seguinte, achando-se a três léguas para fora da costa e mantendo o rumo de noroeste, o almirante fez sinal chamando a bordo da capitania, a Conselho de Guerra, os capitães de navio; e, como calculassem estar próximo o lugar onde deveriam realizar a empresa, perguntaram ao piloto Bartolomeo Paris qual o melhor ponto em que poderia ser feito mais comodamente e com menos perigo o desembarque. Ele indicou dois lugares, um no Ponto Mourisco e outro
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional