História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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de castelhanos e quatro de portugueses, cada uma forte de 70 ou 80 homens, e uns 600 ou 700 índios; e que havia dois meses, vieram duas companhias de castelhanos, os quais trouxeram 8 canhões de bronze, atirando 16 libras de ferro, que foram montados no forte de Cabedello. No mesmo forte estavam montados 18 canhões pesados, a saber: aqueles 8 de bronze e 10 de ferro, atirando cada um balas de 10 libras, não sendo, geralmente, o forte guarnecido senão por 30 homens; dentro não existiam outras casas, a não ser a da pólvora, ainda por acabar; a muralha ainda tinha 30 palmos de altura e o parapeito 8; não possuía fossos, e era feito de paliçadas cheias de terra e quadrangular. Do outro lado começaram a construir um forte, mas não o haviam visto. A uma légua acima do rio, havia mais um fortim com quatro peças. A cidade estava situada a três léguas acima da foz do rio, e em frente a ela se achavam surtos uma caravela e um patacho. Abaixo da cidade havia um fortim com seis canhões e acima da mesma um outro com quatro. Existia uma companhia de milícias, forte de 80 homens, a qual estivera ontem na praia. Havia 16 dias, souberam da vinda dos nossos por meio de dois desertores, e desde aí tinham ficado de guarda.Esses desertores deram informações a Albuquerque sobre todas as nossas fortificações em Antônio Vaz, referindo que os nossos trariam morteiros, petardos e escadas de assalto. Os armazéns de açúcar estavam junto ao rio, a umas três léguas acima da cidade, donde era aquele produto exportado; ainda dois dias antes partira uma caravela carregada para Portugal, a fim de avisar a chegada dos nossos à Paraíba. Eram esperados todos os dias do Arraial 400 homens, castelhanos e napolitanos, que já vinham em caminho. Disse finalmente que na circunvizinhança não havia refrescos excetuando alguns cajus, e do outro lado do rio, um pouco de pacovas e bananas. Neste dia o inimigo atacou algumas vezes as nossas obras, mas foi repelido sempre com perda, deixando seis ou sete mortos; à noite os nossos fizeram mais uma linha e na extremidade um corpo de guarda; o inimigo atirou com canhões sobre os trabalhadores, mas só matou um. No dia 7 foram desembarcados cerca de 300 marinheiros com as suas armas, acampando à parte, protegidos por um parapeito, seguindo o almirante com alguns capitães de navio para lá. Durante o dia tiveram alguns mortos por tiro de canhão; à noite foi colocada junto ao último corpo de guarda uma bateria para duas peças, atirando balas de 12 libras, e junto a ela construíram uma linha com um corpo de guarda do quartel até os dois primeiros, pelo receio de que o inimigo assaltasse entre o quartel e os aproxes. No dia 8 a bateria ficou pronta, e, como os fuzileiros houvessem visto na véspera, no mato, a cerca de um tiro de canhão do quartel, algumas faxinas, que o inimigo fizera para seu uso, mandaram uma força buscá-las, mas ele já as levara todas e, quando viu a nossa gente, veio com alguma tropa para trás do acampamento e atirou fortemente do mato sobre os nossos, ferindo cinco ou seis e retirando-se depois. Mais tarde começaram a trabalhar fortemente contra os nossos aproxes e do outro lado do rio atiraram com 2 canhões sobre eles. Pela tarde foram levados os dois canhões para a bateria e a nossa gente fez mais uma linha com um corpo de guarda em direção ao forte. No dia seguinte, como o inimigo houvesse dado uns 150 tiros sobre as nossas obras, foi preciso reparar-se a