História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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o ataque de improviso ao inimigo: primeiro, como se faria melhor o desembarque; segundo, qual o modo mais conveniente de transportar gente à terra. Quanto ao primeiro, resolveram que se mantivessem juntos à noite, afim de não se perderem, e preparassem as coisas de tal forma, que pela manhã cedo estivessem diante da barra e tão perto da coisa quanto possível.Os chefes militares, reunindo-se para deliberar somente sobre o desembarque, decidiram formar com as 13 companhias 6 divisões: na 1ª devia estar a companhia do coronel com as do capitão Meppel e Cloppenburgh, sendo as duas últimas de arcabuzeiros; na 2ª o major Redinchoven e Hellingh; na 3ª Wolfart Schenck e Everwijn; na 4ª o major Berster e Bijma; na 5ª os capitães Huyghens e Palmer; na 6ª os capitães Levijn e Coeck. Determinaram que, no caso de algumas dessas divisões precisar de auxilio, o dessem sem aguardar outras ordens, e também estabeleceram regras para as chalupas e botes; como os mesmos não pudessem levar mais de sete companhias, o resto devia ir nos yachts pequenos e mais ligeiros. No dia 5 pela manhã acharam-se ao longo do cabo Branco, três léguas ao sul da Paraíba; mantendo-se perto da costa e depois de navegar algum tempo, começaram a passar a gente para os botes, e. continuando a navegar, surgiram um pouco antes do meio dia diante do rio Paraíba.Estando todos os botes carregados, dirigiram-se ao mesmo tempo para dentro do recife. O tenente-coronel, que seguira na chalupa do chefe da equipagem esperou lá dentro pelas outras chalupas e botes, nos quais estavam, juntamente com a companhia do coronel, as do major Redinchoven, Meppelen e Cloppenburgh. Chegando perto da costa, viram 12 bandeiras postadas na praia e a gente do inimigo, entrincheirada, deu várias descargas sobre os nossos, antes que pudessem desembarcar; mas, vendo que apesar disso saltavam corajosamente em terra, abandonou as trincheiras, refugiando-se no mato donde continuou a escaramuçar com os nossos, de sorte a perderem estes 40 homens entre mortos e feridos. Enquanto o tenente-coronel estava ocupado com essas tropas do inimigo, encarregou o engenheiro Dreyis de ir explorar com o major Berster o forte e a situação ao redor. Eles, indo ao longo da praia e até à distância de meio tiro de mosquete, puderam ver o forte perfeitamente erguido com seus quatro baluartes feitos de terra e estacas e com 25 ou 26 canhões. Voltando e dando conta de sua comissão o coronel pôs em deliberação o que seria melhor que se fizesse: dar assalto ao forte ou obrigá-lo pelo assédio a render-se. Visto não ser o primeiro projeto exeqüível com tão pouca gente, ficou resolvido o segundo por todo o conselho de guerra (pois nesse ínterim as restantes nove companhias haviam desembarcado) e tanto mais quanto supunham que toda a gente do inimigo se retirara, o que depois viram não ser exato. À tarde montaram o acampamento, provido com uma boa trincheira contra qualquer assalto que o inimigo fizesse: à noite, depois que a gente descansara um pouco, o coronel resolveu começar a fazer os aproxes e mandou 700 homens trabalharem neles. Fizeram primeiro dois corpos de guarda, ligados um ao outro por uma linha; e essas obras ficaram consolidadas e completas no dia 6. No mesmo dia aprisionaram um português, o qual informou que na véspera, quando os nossos deram desembarque, estavam na praia uma companhia