achar prudente que se fizesse tão bruscamente. Entretanto, o Conselho estava tão satisfeito com a resolução, que, para não perder tempo no desembarque dos soldados, já tinha preparado os botes, e o Governador prometera mandar 150 ou 200 homens.Nesse ínterim, o almirante veio à terra e contou que vira à tarde do dia anterior a esquadra espanhola na altura de Itamaracá, sendo grandes os navios na maior parte e não havendo mais de duas caravelas; pelo que se podia bem calcular que os navios pequenos deviam ter desembarcado a gente ao sul. Disse que era tarde agora para perseguir os navios grandes, tanto mais quanto soubera pelos prisioneiros que os soldados, a artilharia, as munições e outros recursos para terra estavam todos embarcados nas caravelas; que a armada, tendo-os comboiado até o ponto do destino, não se demoraria em parte alguma, mas seguiria diretamente para a Espanha já devendo estar, portanto, na altura da Paraíba; e que os nossos navios, seguindo-os a tão grande distância, poderiam facilmente ser arrastados para longe da costa e nessa estação sofrer algum temporal. Por esse motivo foi abandonado qualquer projeto contra a armada espanhola. O galeão capturado juntamente com o 't Wappen van Hoorn só entrou no porto no dia 29. Antes de prosseguirmos, vamos referir que, além do general Pater, cuja perda foi muito de lastimar pelas suas virtudes e valor, pereceram no mesmo combate: Thomas Sickes, capitão Cormillion, o tenente Steenberghen e muitos outros bravos soldados. A Companhia perdeu dois excelentes navios com muito boa artilharia. Em compensação ganhou o galeão espanhol, carregado de açúcar, tabacos, couros e madeiras preciosas, montado com 24 canhões de bronze pesando ao todo 64.282 libras, e, além disso, uns 240 prisioneiros, na maior parte castelhanos, entre os quais estava Francisco de Fuentes, nascido em Madrid. Este, sendo interrogado por dois conselheiros e por Steyn Callenfels, declarou: que a armada real se fizera à vela de Lisboa em 5 de Maio, forte de 31 velas; que Don Antônio d'Oquendo era general da mesma e almirante general da Espanha; que ele prisioneiro era auditor da esquadra, mas seu cargo ordinário era de auditor del terzo viejo; que a armada, quando partiu, tinha 4.000 soldados, sendo três regimentos, um dos antigos espanhóis e os outros dos que se tornaram espanhóis, e a terça parte de italianos; que o comandante dos antigos espanhóis era Antônio do Tacio cavalheiro del hábito de Santo Yago, o do regimento dos novos espanhóis, Francisco Messia, também cavalheiro da mesma ordem (ambos os quais tinham ficado na Espanha e o dos italianos era o conde de Bagnuolo, o qual vinha agora como chefe de toda a milícia e como Mestre dei Campo General; que, além disso, viera como chefe das milícias na Bahia Don Christoval Mexia, que ficou ali. Declarou mais haver na esquadra 19 navios bem armados, a saber: 12 galeões da coroa de Castella e da Coroa de Portugal; os outros eram navios mercantes. De todos os três regimentos existentes na armada 2.700 ou 2.800 homens vieram para ficar no país. Contou também que a armada chegara à Bahia no dia 13 de Julho e que havia muitos doentes. Disse que na Espanha faziam mau conceito de Mathias de Albuquerque, modificado depois, quando ele queimou os navios e o açúcar. Declarou que a armada não era mais forte e não fora despachada antes, porque Don Carlos e Don Fernando, irmãos do
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional