rei, eram esperados em Lisboa, devendo Don Fernando navegar para os Países Baixos em Setembro, para o que foram mandados vir todos os galeões e navios, até os de Dunkerque, e que também os navios ingleses iam juntar-se-lhes, para levá-lo a salvo; e por isso Don Frederico de Toledo teve de ficar na Espanha com a maior parte dos navios. Declarou igualmente que em Portugal corria o boato de que os Holandeses haviam assediado a Bahia de Todos os Santos, o que era em parte acreditado, porque já havia tempo que não chegava lá navio algum da Bahia; que por isso Don Antônio d'Oquendo fora mandado na frente da dita armada para fazer levantar o cerco da Bahia e depois prover as praças adjacentes com tropas. Dizia-se na Espanha que os holandeses haviam fortificado bem a sua praça, mas entretinham lá muita esperança de expulsá-los ou pelo menos repelí-los do interior. Disse mais que apenas poucos navios da Paraíba haviam chegado a Portugal; que, quando saíram com a esquadra da Bahia, viram também 24 ou 25 navios carregados de açúcar, os quais não faziam parte da esquadra e seguiram diretamente para a Espanha; que na Bahia deixaram 1.200 soldados e juntamente todas as espécies de munições e viveres, de sorte que estavam bem animados e não temiam a esquadra holandesa, tendo ainda a bordo 1.800 soldados; que, quando partiram, deixaram ainda umas 14.000 ou 15.000 caixas de açúcar e juntamente muito pau-brasil, couros e outros produtos; e que todos os navios, que estavam lá antes da chegada da armada, saíram com ela bem carregados.Dissera ainda que Duarte d'Albuquerque viera da Bahia com a esquadra e seguira numa caravela com o conde de Bagnuolo, para ir animar os moradores e provê-los de tudo; mas ninguém sabia se o rei o mandara ou se fora por conta própria, pois havia ordem de prisão contra ele, qualquer que fosse a sua comissão ou cargo; que lhe mostravam a bordo grande respeito, mas não fez parte de conselho algum. Declarou mais ter estado no navio do vice-almirante Francisco Velerilla, cavalheiro de Santo Yago, antes e na saída da Bahia, e que estavam nele embarcadas 100 caixas de açúcar; que existiam muitas munições e viveres na esquadra para reforço do Brasil, mas não podia dizer ao certo a quantidade; que a princípio tinham idéia de desembarcar gente no cabo de Santo Agostinho, mas acreditava que a ordem da batalha fora mudada; que as caravelas, tendo desembarcado a gente, haviam cumprido a tarefa e estavam despachadas ; finalmente, que ele prisioneiro devia voltar à Espanha com a esquadra e ainda havia nela um fiscal de el terço novo, o qual voltaria também para a Espanha. A situação da mesma esquadra espanhola foi ainda descrita pelo capitão do navio capturado, o galeão S. Boaventura. Declarou que havia na esquadra 12 galeões de Castella e dois patachos e cinco galeões da coroa de Portugal, além de 19 navios do rei. Os mesmos estavam artilhados e tripulados como se segue:GALEÕES E PATACHOS DA COROA DE CASTELLA CANHÕES HOMENS1Galeão Santiago (navio chefe) ... 48 4002Galeão Santo Antônio de Padua (almiranta) 26 260
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional