História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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rei, eram esperados em Lisboa, devendo Don Fernando navegar para os Países Baixos em Setembro, para o que foram mandados vir todos os galeões e navios, até os de Dunkerque, e que também os navios ingleses iam juntar-se-lhes, para levá-lo a salvo; e por isso Don Frederico de Toledo teve de ficar na Espanha com a maior parte dos navios. Declarou igualmente que em Portugal corria o boato de que os Holandeses haviam assediado a Bahia de Todos os Santos, o que era em parte acreditado, porque já havia tempo que não chegava lá navio algum da Bahia; que por isso Don Antônio d'Oquendo fora mandado na frente da dita armada para fazer levantar o cerco da Bahia e depois prover as praças adjacentes com tropas. Dizia-se na Espanha que os holandeses haviam fortificado bem a sua praça, mas entretinham lá muita esperança de expulsá-los ou pelo menos repelí-los do interior. Disse mais que apenas poucos navios da Paraíba haviam chegado a Portugal; que, quando saíram com a esquadra da Bahia, viram também 24 ou 25 navios carregados de açúcar, os quais não faziam parte da esquadra e seguiram diretamente para a Espanha; que na Bahia deixaram 1.200 soldados e juntamente todas as espécies de munições e viveres, de sorte que estavam bem animados e não temiam a esquadra holandesa, tendo ainda a bordo 1.800 soldados; que, quando partiram, deixaram ainda umas 14.000 ou 15.000 caixas de açúcar e juntamente muito pau-brasil, couros e outros produtos; e que todos os navios, que estavam lá antes da chegada da armada, saíram com ela bem carregados.Dissera ainda que Duarte d'Albuquerque viera da Bahia com a esquadra e seguira numa caravela com o conde de Bagnuolo, para ir animar os moradores e provê-los de tudo; mas ninguém sabia se o rei o mandara ou se fora por conta própria, pois havia ordem de prisão contra ele, qualquer que fosse a sua comissão ou cargo; que lhe mostravam a bordo grande respeito, mas não fez parte de conselho algum. Declarou mais ter estado no navio do vice-almirante Francisco Velerilla, cavalheiro de Santo Yago, antes e na saída da Bahia, e que estavam nele embarcadas 100 caixas de açúcar; que existiam muitas munições e viveres na esquadra para reforço do Brasil, mas não podia dizer ao certo a quantidade; que a princípio tinham idéia de desembarcar gente no cabo de Santo Agostinho, mas acreditava que a ordem da batalha fora mudada; que as caravelas, tendo desembarcado a gente, haviam cumprido a tarefa e estavam despachadas ; finalmente, que ele prisioneiro devia voltar à Espanha com a esquadra e ainda havia nela um fiscal de el terço novo, o qual voltaria também para a Espanha. A situação da mesma esquadra espanhola foi ainda descrita pelo capitão do navio capturado, o galeão S. Boaventura. Declarou que havia na esquadra 12 galeões de Castella e dois patachos e cinco galeões da coroa de Portugal, além de 19 navios do rei. Os mesmos estavam artilhados e tripulados como se segue:GALEÕES E PATACHOS DA COROA DE CASTELLA CANHÕES HOMENS1Galeão Santiago (navio chefe) ... 48 4002Galeão Santo Antônio de Padua (almiranta) 26 260