História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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gente, resolveram arrasar a parte onde estavam os armazéns incendiados e cercar e cobrir o resto da casa de pólvora com um bom parapeito com duas banquetas, tapando todas as ruas que davam para o rio com o mesmo. O yacht Katte, mandado anteriormente à Bahia para saber quais os navios chegados ultimamente ali, voltou no dia 19 ao Recife. Declarou ter visto na Bahia 30 navios, entre os quais, segundo a afirmação de dois negros, que haviam aprisionado, contavam-se quatro galeões e mais 18 navios bem guarnecidos, além de algumas barcas e caravelas, tendo vindo neles muitos soldados; ainda era esperada uma esquadra da Espanha. Houve por esse tempo uma seria disputa no Conselho, para saber o que convinha fazer, porquanto haviam resolvido antes empreender uma tentativa contra a Paraíba, e ao mesmo tempo, deviam prevenir-se contra essa armada.Sendo consultados, os capitães de navio foram de parecer que, como estavam ainda na estação das chuvas, não era época conveniente para a projetada expedição contra a Paraíba; e que, tomando-se em consideração as notícias da Bahia, urgia dirigir toda a força naval para lá. O Governador e o Conselho aprovaram essa opinião, e ficou resolvido que a esquadra com toda sua força se dirigisse para a Bahia, para ver o que podia realizar em prejuízo do inimigo, e, se não achasse prudente atacar os navios dentro da baia, devia-o comunicar ao Conselho, assim como referir toda a situação, por intermédio de um yacht, e aguardar ordens; se julgasse que não podia agora tentar coisa alguma, nesse caso (deixando a costa bem guardada) voltasse. No dia 21 mandaram fazer mais um reduto, além do hornaveque de Frederick Henderick, com quatro meios bastiões, assim como um entrincheiramento ao longo do terreno em Antonio Vaz, do lado do rio começando na bateria e terminando no forte Ernestus, e encerrar com o mesmo desde a linha do grande hornaveque até o canal do forte Ernestus.A chalupa do navio Hollandischen Thuyn capturou no rio de Catawamba uma barquinha carregada com 82 caixas de açúcar, e trouxe-a no dia 28 ao Recife. Os cruzadores em frente a Porto Calvo e Santo Aleixo tinham por esse tempo dado caça junto à costa a uma caravela que conduzia tropas, mas, havendo estas desembarcado, apenas capturaram a caravela vazia.O general Pater e o almirante Marten Thijsz fizeram-se à vela do Recife, no último de Agosto, com os seguintes navios: Prins Wilhelm, no qual ia o general, Seventien Provintien, no qual ia o almirante, Hollandia, Oliphant, Amersfoort, Arca de Noé, Provintie van Uytrecht, Nieuw-Nederlandt, Goeree, Walckeren, Fortuyn, Griffoen, Mercurius, o yacht Medenblick, Maeght van Dordrecht e Rotterdam. Nesses navios havia, além das suas tripulações ordinárias, nove companhias de soldados, sob o comando em chefe do major Enghelbrecht Schutte. Quando se fizeram ao mar soprava o vento sul. No dia 5 de Setembro, tendo chegado a 12°,45' de latitude ao sul da linha, foram mandados o navio Arca de Noé e o yacht Rotterdam à Bahia, para espiar o que havia por lá e avisar aos outros navios que estavam cruzando, da ida do general.No dia 9, a 14° de latitude, chegou o yacht Vriessche Jagher e deu notícia ao general de que toda a esquadra partira da Bahia e que a vira no dia 4 de Setembro nessa latitude, O general resolveu, em vista disso, seguir para o sul,