História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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com a esperança de ainda encontrá-la. No dia 10 juntou-se-lhe 't Wapen van Hoorn na latitude de 14°,56'.No dia 11 uma hora antes do pôr do sol avistaram a esquadra espanhola a susuéste e sul quarta parte de suéste, e o general deu ordem para que os navios deixassem tremular as suas bandeiras e mandou além disso o yacht Nieuw-Nederlandt, que se achava perto, dar ordem a todos os navios para que se aprontassem para a batalha e se conservassem juntos. Navegaram toda a noite com claro luar para sudeste quarta de sul e no dia seguinte pela manhã tinham a esquadra espanhola a oéste-sudéste e forte, segundo puderam contar, de 53 velas. O general estando agora na distância de um quarto de hora do inimigo, convocou todos os capitães de navio a bordo e ordenou que abordassem de dois a cada galeão espanhol (ele tinha apenas consigo 16 vasos entre navios e yachts e erroneamente supunha que na esquadra só havia 8 galeões) ; em seguida exortou a cada um, com ardor, a cumprir valorosamente o seu dever, pois daí dependia a prosperidade da Companhia e a honra da nossa marinha. Todos fizeram belas promessas, mas poucos as cumpriram. O navio Wulcheren devia auxiliar o Provintie van Uytrecht e o almirante, e assim por diante. Logo que as esquadras se aproximaram uma da outra, de maneira que se pudesse distinguir claramente o porte dos navios e contar bem os seus canhões, alguns capitães ficaram desanimados e não ousaram atirar-se à luta. Mas o general Pater, cuja coragem não desfaleceu, apesar de reconhecer bem que a partida era completamente desigual, avançou valentemente e abordou pelas 10 horas da manhã o navio do general D. Antônio de Oquendo, sendo vigorosamente secundado por Jan Mast, capitão do W alcheren. Travou-se uma renhidíssima peleja e outros galeões vieram em auxílio da sua capitania. Nosso Senhor, porém, quis punir os nossos, pois no meio do combate ateou-se fogo na popa do navio do general Pater e, posto que se empregasse toda diligência para apagar o incêndio, ele tomou tal incremento, que a guarnição teve de refugiar-se na parte dianteira do navio, e nenhum outro meio de salvação havia senão ser recolhida pelos outros navios.Nisto eles se houveram muito mal: não se aproximaram, e o general, tendo estado por muito tempo suspenso de um cabo diante da proa de seu navio, desfaleceu de cansaço e afogou-se. Do seu navio salvaram-se poucos, e esses mesmos foram recolhidos pelos espanhóis. Nesse ínterim o nosso almirante, auxiliado pelo Provintie van Uytrecht, atacara o vice-almirante espanhol. Após meia hora de combate, o Provintie van Uytrecht perdeu o mastro grande; prosseguindo a peleja ainda por duas horas, o fogo ateou-se nesse mesmo navio. Debalde se esforçaram por abafá-lo A gente, de desespero, saltou na vice-almiranta espanhola, donde foi repelida, e alguns tiveram de lançar-se às ondas. O navio queimou-se, mas de sua guarnição salvou-se um maior número de pessoas do que da guarnição do Prins Wilhehn. O almirante Marten Thijsz teve melhor fortuna: meteu a pique a almiranta espanhola S. Antônio de Padua, onde estava D. Francisco de Balezilla, o tomou o galeão, S. Buenaventura. O galeão S. Juan Baptista foi também metido a pique. Em quase todos os navios houve mortos e feridos. Foi, pois, um combate renhido, e os vencedores