História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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O almirante e comandante do Swol foram em dois botes bem guarnecidos de mosqueteiros navegar ao redor da ilha, para sondarem toda a coisa e observarem a situação. Para encurtar, como não vissem na sua opinião meio algum de atacar a fortaleza do inimigo, depois de refletirem e consultarem o Governador e os Conselheiros do Recife (alguns dos quais foram lá ter), resolveram colocar um forte em frente à entrada do porto, na ilhota onde a força desembarcara primeiro. Em conseqüência dessa resolução, no dia 5 de Maio, pelo engenheiro van Buren, foi demarcado o terreno para um forte com 4 baluartes, tendo no contorno, tomado nos pontos mais extremos daqueles, 132 braças.No dia seguinte os capitães Artichau e Beyer, com suas companhias, foram para a ilhota defender os trabalhadores. Enquanto estavam ocupados na construção do forte, o coronel partiu com a companhia do capitão Meppel e mais alguma força para a extremidade norte da ilha de Itamaracá; encontrou umas casas vazias, não viu gente alguma e matou oito ou nove rezes. Os yachts que estavam mais para o interior do canal voltaram a fundear junto aos outros navios, sem haverem sofrido dano algum dos tiros de canhão do inimigo. Acharam depois conveniente colocar em frente ao forte um hornaveque, cujo plano foi traçado em meados de Junho. Estando quase tudo acabado no fim do mesmo mês, ficou ali de guarnição o capitão Artichau com Mellinghen e Beyer, e o tenente-coronel partiu no dia 1 de Julho com o resto da gente para o Recife. Antes de deixarmos esse forte, vamos referir um fato admirável: Um pouco ao norte do acampamento havia uma pequena ilhota, distando menos de um tiro de pistola, e que com maré cheia ficava inundada, e estava coberta de pequenos arvoredos e arbustos; nesse mato vinha aninhar-se todas as noites, às seis horas, uma quantidade extraordinária de pássaros de tamanho regular e pequenos, que, ao chegarem, quase faziam escurecer o céu como uma nuvem, e no dia seguinte pela manhã, às 6 horas, retiravam-se. Mas o que causou estranheza foi que, apesar da presença tão próxima da nossa tropa e de todos os tiros e gritos, essas aves nunca deixaram de chegar a hora habitual, até todo o mato ficar arrasado pela nossa gente e a fortificação ser ocupada. Todos os navios maiores foram mandados em Abril cruzar no sul, em frente e na, vizinhança da Bahia de Todos os Santos; o Windt-hondt, mandado no último de Maio, juntou-se no dia 5 de Junho, a 12° de latitude a cerca de 15 léguas de terra, ao Prins Wilhelm, ao Provintie van Uytrecht e ao Matanza, e depois, no dia 11, junto à ilha da Véspera de Páscoa (a 13°,51' de lat.), ao Mauritius e ao Goeree. No dia 16 o mesmo yacht foi ao Morro de S. Paulo, onde encontrou os navios Goeree e Mercurius, os quais tinham consigo um navio capturado por eles, carregado com 700 caixas de açúcar e cerca de 100 caixas de tabaco. Todos esses navios, depois de cruzarem durante o tempo determinado, chegaram ao Recife no princípio de Julho. Por esse tempo aportou à Bahia, sob o comando de D. Antônio Oquendo, a esquadra espanhola, da qual depois falaremos mais amplamente.No dia 10 de julho o tenente-coronel fez uma expedição contra o inimigo, partiu do forte Ernestus, situado em Antonio Vaz com quatro companhias de fuzileiros e ele cada companhia ali existente levou 40 mosqueteiros, com seus