História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 38

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

Página 204


do Recife à Assembléia dos XIX. Ao mesmo tempo começaram uma nova obra do outro lado do rio, onde haviam tido alguns dias antes escaramuças com o inimigo, com perdas para ambos os lados, apressando-se o inimigo a impedir aos trabalhadores o serviço e a destruir a obra começada. O mês de Março passou-se com a continuação de tais acontecimentos. No dia 14 de Abril chegou o general Pater, que partira do Texel no dia 9 de Janeiro com os navios Prins Wilhelm, Provintie van Uytrecht, Windt-hondt, Ouwerkerck e Rave. Como viesse neles uma grande parte das nove companhias mandadas em reforço ás tropas anteriores, e a Assembléia dos XIX recomendasse a ilha de Itamaracá, afim de ir estendendo pouco a pouco os seus limites mais para o norte, o Governador e o Conselho resolveram finalmente tentar aquela empresa. Foram mandados os seguintes navios para conduzir as forças: 't Wapen van Hoorn, 't Wapen van Medenblick, 't Wapen van Delf, Swol, Vogel Struys, Vriessche Jagher, Pernambuc, Hasewindt, Haringh, Fortuyn, Matanza, Ter-Veere, Kate e Swarte Rave, e juntamente três grandes chalupas com convés e mais outros sete botes grandes dos navios. Embarcaram neles as companhias do tenente-coronel Steyn Callenfels, do major Schutten e dos capitães Mellinghen, Ellert, Schuppe, Meppelen, Baecx, Coeck, Pierre le Grand, Artichau, Cormillion e Bayaerdt, somando ao todo 1.260 homens, com todas as munições de boca e de guerra. Confiaram a direção dessa expedição ao tenente-coronel Hart-mann Godefrid van Steyn-Callenfels. Estando tudo preparado para a expedição, o tenente-coronel embarcou, juntamente com o almirante, no Windt-hondt, depois de se despedir do Governador e do Conselho Político. A bordo determinou quais as tropas que deviam embarcar em cada navio e quais os botes que as deviam levar para terra; e deu ordens e instruções a cada capitão sobre o modo por que se deviam conduzir em terra, marchar, etc, a saber: Os capitães Pierre le Grand e Meppelen deviam ir na vanguarda com duas companhias de fuzileiros. O tenente-coronel e os capitães Schuppe, Cormillion e Ellert formavam a segunda divisão, sendo o capitão Schuppe o seu comandante e da ala direita com o seu tenente; o tenente do coronel comandava os piquetes. e o capitão Ellert a ala esquerda com o tenente de Cormillion; o capitão Cormillion e o tenente do capitão Ellert deviam marchar à retaguarda dessa divisão. A terceira divisão compunha-se das companhias dos capitães Artichau, Beyardt e Mellinghen e estava a cargo de Artichau, que também comandava a ala direita com o tenente de Beyart, comandando o tenente de Car os piquetes; o capitão Mellinghen e o tenente Palmer marchavam á retaguarda dessa divisão. A quarta compunha-se das companhias do major Scutte e dos capitães Baecx e Couck; o tenente du Busson dirigia a ala direita, e o capitão Couck com o tenente de Baecx a ala esquerda; o capitão Baecx ia á retaguarda dessa divisão. Fizeram-se à vela no dia 22 de Abril com bom tempo e um vento les-sudeste; navegaram assim até cerca de meia noite e, calculando que estavam ao lado da praça, fundearam todos, estando a maior parte diante do canal do sul de Itamaracá. No dia seguinte, ao alvorecer, o tenente-coronel passou-se com cinco companhias para as chalupas e botes e desembarcou sem novidade, pelas 8 horas da manhã, por um pequeno canal; uma parte das companhias foi transportada para o outro lado em botes e chalupas, e o resto atravessou com água