História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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esse fim. A cidade está situada ao centro da baía em uma planície quase ao nível do mar. Aí está colocado castelo chamado S. Juan de Malta, muito pequeno, quadrangular, com 4 pequenas contra-escarpas, que o protegem um pouco. Tem nos quatro lados, na base da muralha, 100 pés geométricos e em cima 90 e a muralha tem da altura uns 30 pés no máximo. Existem nele quatro canhões de bronze, três dos quais de calibre mediano, de 4.300 ou 4.400 libras de peso e capazes de atirar 13 libras de ferro, pesando o quarto 3.600 libras e atirando 5 libras de ferro. Há ainda duas pequenas peças de ferro, que atiram balas de duas libras. A sua guarnição consiste, além do comandante, em 7 soldados e um artilheiro, exígua para tal praça e contra um inimigo de alguma importância. Temos grande falta de munições e não há aqui possibilidade de as obter, pois, estando o governador de Cartagena receoso de algum ataque do inimigo, não pode cedê-las. Os habitantes desta cidade tem-se empobrecido por grande quantidade de processos e abandonarão a praça se não houver providências. Entretanto esta praça é de muito grande importância, estando situada a barlavento de Cartagena, Puerto Belo, S. Domingo e Jamaica e especialmente da foz do Rio Grande de Magdalena, que está situada apenas a 10 léguas daqui. Todo o comércio do Novo Reino de Granada e Quito é feito por aquele rio e todas as mercadorias sobem e descem pelo mesmo e assim o inimigo poderia fazer daqui grande dano a esse tráfico, pois este porto pode abrigar muitos navios, etc. O governador pedia munições e que o número de soldados fosse aumentado para 30, devendo o pagamento destes ser feito pelos de Cartagena e montando os soldos, pelo seu cálculo a 3.000 ducados anualmente.Ainda que essa comunicação já estivesse atrasada, não era, contudo para desprezar, tendo-se em vista a negligência do inimigo em prover as praças. O comandeur, tomando em consideração essa parte das suas instruções, resolveu seguir para lá com a sua esquadra e fazendo-se à vela no dia 18 de Fevereiro, tomou o rumo do continente. No dia 24, uma hora antes do meio dia, avistaram terra a sudeste à distância de 8 léguas, obtendo pela observação ao meio dia a latitude de 11 graus e 50 minutos, e depois do meio dia ancoraram a 16 braças d'água, a três léguas para fora do cabo de Lagos, tendo a sul-sudoeste o cabo de la Vela. Depois do meio dia o comandeur se passou para o yacht Meden-blick com alguns soldados, tendo os outros embarcado nos vários yachts. No dia seguinte partiram para oeste com um vento les-nordeste e diminuíram as velas à noite para não passar além daquele porto.No dia 26 pela manhã ainda se achavam a 7 léguas de Santa Marta e a uma légua da costa; havia pouco vento e só à tarde entraram naquela baia onde ancoraram a 13 braças d'água a um tiro de mosquete do forte, contra o qual atiraram vivamente com os canhões. Os soldados desembarcaram imediatamente e entraram na cidade sem encontrar resistência, pois todos os habitantes fugiram.O próprio comandeur marchou para o castelo, que se rendeu imediatamente e onde havia apenas 15 espanhóis que foram levados para bordo.