feito nas noites passadas, as sentinelas colocadas de emboscada, as quais apanharam os animais de três cavaleiros portugueses, sobre os quais atiraram, ficando dois estirados no chão. Com a chegada do verão começou a fazer um tempo muito bonito e seco e os nossos consideraram que se podia dar outra direção á campanha para chegar a um termo favorável. Começaram portanto a demolir as casas vastas da cidade e a trazer os materiais para o Recife afim de construir outras, pois se convenceram de que, não podendo fortificar nem ocupar a cidade de Olinda, para o que precisariam de muita gente, convinha abandoná-la.No dia 23 veio um negro que desertou do inimigo e informou aos nossos que o Governador Albuquerque tinha pouca gente consigo, pois a maior parte dos habitantes da cidade de Olinda se havia retirado, uns para a Baia de Todos os Santos e outros para a Paraíba, que os Índios que estavam com ele, não estavam dispostos a guerrear a nossa gente e que a única esperança que ainda nutriam era a da vinda de urna poderosa esquadra de Portugal. Os nossos tiveram a confirmação dessas notícias por varias cartas de portugueses, que caíram em suas mãos. Na noite de 23 para 24 partiram os fuzileiros com um grande número de mosqueteiros para atravessar o Bebe-rio do outro lado do Recife a fim de saber que obras os portugueses haviam feito ali, verificando que depois da última destruição de suas trincheiras nada tinham feito. Entretanto os nossos prosseguiram na demolição das casas da cidade de Olinda, pelas razões já referidas. As varias opiniões sobre esse assunto tinham sido discutidas por muito tempo na Holanda, pois alguns militares tinham pessoalmente ou por cartas informado diversamente á Assembléia dos XIX, sendo uns de opinião que se podia muito bem fortificar a cidade e outros que não, e foi por isso que, em vez de abandonar a posição, se mantiveram nela mais do que convinha. Perseguindo na sua resolução, os nossos levaram no dia 28 para o Recife os sinos e algum ferro da Espanha, que encontraram na cidade. No dia seguinte foram atiradas flechas com bilhetes para dentro da cidade, assim como para dentro do forte do Recife, assinados por um desertor francês, nos quais exortava os patrícios, que eram da religião católica romana, a abandonar os nossos e passar para os portugueses. Havia-se suspeitado por algum tempo que um tal Adriaen Verdonck, mandado da metrópole com o comissário, entretivesse correspondência secreta com o inimigo e lhe comunicasse os projeto dos nossos de que tivesse conhecimento. Por esse motivo os militares o prenderam em 30 de Agosto e no dia 3 de Setembro o entregaram preso ao Conselho Político, mas, como se não pudesse encontrar nada de claro na acusação, foi dali a pouco posto em liberdade.No dia 4 o mencionado Índio veio ter novamente com os nossos e declarou que muitos da sua tribo estavam dispostos a passar para eles, mas que eram impedidos pela grande vigilância que o inimigo mantinha ao norte da cidade, e pediam portanto que repelissem e afastassem dali aquele obstáculo para lhes facilitar a vinda.No dia 6 a noite os fuzileiros foram outra vez fazer uma visita as
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional