História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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fortificações, de onde o inimigo vinha ordinariamente atacar os nossos comboios, e viram que ele fizera urna trincheira na margem do rio e uma meia lua um tanto mais afastada dali para a sua retirada cm caso de necessidade.No dia 11 chegou o navio Ter-Veere da Zelândia com algumas provisões e no outro dia todo o Conselho Político, que até então se conservara na cidade se passou para o Recife, onde estabeleceu a sua residência. Entretanto por ordens rigorosas, escritas da metrópole e motivadas por más informações, como já foi dito antes, se anunciou a toque de caixas que ficava proibido demolir qualquer casa da cidade. No dia 16 pela manhã, duas horas antes de nascer o sol foram mandados dois tenentes-coronéis Eltz e Steyn Galenfels, com os fuzileiros da cidade e mais seis companhias de tropas, expressamente para fazer um reconhecimento na Várzea e seguiram ao longo da ilha de Antônio Vaz, mas viram que o inimigo se apercebera do nosso movimento e estava de guarda, razão pela qual não atravessaram o rio e voltaram sem nada poder fazer.No dia seguinte foram mandadas duas chalupas a Pau Amarelo, ao norte da cidade, para ir buscar os Índios, de que já falamos varias vezes, mas devido á agitação do mar não puderam dar desembarque e voltaram, tendo feito a viagem debalde. No outro dia foram enviadas quatro chalupas que, regressando á noite, trouxeram apenas cinco homens, três mulheres e quatro crianças.No dia 19 a nossa gente atravessou o rio e se dirigiu para a margem saliente, na torra firme, justamente defronte da aldeia do Recife, e, examinando-a cuidadosamente, verificou ser uma ilhota, de terra dura e coberta de mato miúdo, de sorte que, se o.inimigo ali fizesse uma fortificação, poderia causar grande mal ao Recife.No dia 21 o inimigo veiu até perto do nosso forte de Antônio Vaz com arcabuzes e compridos mosquetes e atirou impetuosamente de dentro das moitas, mas não causou mal nenhum. Por seu lado o nosso governador atravessou o rio no mesmo dia com uma força respeitável e fez demolir na outra margem uma casa de grandes proporções que ficava defronte do nosso novo forte, no Recife, tendo havido algumas escaramuças com o inimigo, mas sem prejuízo para nenhum dos lados. No dia seguinte chegaram os navios Delft e St. Pieter da Zelândia, trazendo viveres, outros recursos e 82 soldados.No dia 23 foi resolvido unanimemente pelo Conselho mandar uma expedição á Várzea, pois era essa região que alimentava o Arrayal e, para executar essa resolução, foram nomeados o Major Foucke Honcks e outros oficiais, devendo acompanhá-los 400 homens. Seguiram no dia 25 pela manhã para o Recife e, como para atravessar o rio tinham de esperar muito tempo pela vazante, abandonaram o projeto e resolveram ir á tarde á casa branca, situada do outro lado do rio, defronte do novo forte construído pelos nossos e chamado Bruyne, em honra de Mr. Johen de Bruyne, que presidia naquela época o Conselho Político. Foram para lá com cerca de 1.500 homens entre os quais 250 marinheiros com o fim de cortar estacas para as nossas,