História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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os nossos mosqueteiros e foram para traz da igrejinha. onde o inimigo diariamente aparecia; queimaram as casas que havia ao redor e mataram a tiro uma pessoa, importante do inimigo. No dia 24, ao amanhecer, o inimigo, forte de uns 1.500 homens, apresentou-se inesperadamente diante das trincheiras exteriores do Convento, na ilha de Antônio Vaz; as sentinelas apanhadas de surpresa fugiram e o inimigo, achando-se dentro das trincheiras, esforçou-se o mais possível para tomar as casas e chegou a voltar as peças da bateria contra o Recife e a desmantelar um baluarte. Então a nossa gente, tendo-se armado, caiu-lhe em cima com tanta coragem que o repeli e o obrigou em fim a retirar-se, tendo-se tornado notável a bravura de um caporal, que em uma casa estava de sentinela. Encontraram-se no fosso apenas 11 mortos, tendo o inimigo levado consigo os demais, entre os quais um coronel arrastando-os por meio de cordas. Avaliaram que tivesse sofrido o inimigo uma perda de 200 homens entre mortos e feridos, pois os canhões dos navios e dos fortes atiravam violentamente sobre ele ao retirar-se. Do nosso lado tivemos apenas um sargento morto e 25 feridos, entre os quais o tenente-coronel Elft e o capitão de Vries. O caporal que oferecera tão grande resistência foi galardoado e os que fugiram foram punidos. Houve ordem para, se fazer paliçada nas trincheiras a fim de impedir que o inimigo as escalasse. Nos dias seguintes os mosqueteiros saturam a dar batida por vários lados mas não o avistaram.No dia 2 de Junho voltaram novamente a ilha de Antônio Vaz e arrasaram as pressas algumas das nossas obras, mas tiveram de retirar-se.Começara-se a construção, havia alguns dias, do novo forte do Recife e, como o inimigo via perfeitamente quando os nossos remavam para lá. procurou impedi-lo no dia 5, mas por meio dos canhões o obrigaram a desistir desse intento. Os Índios do inimigo não deixavam de atravessar quase todas as noites o rio Beberibe, para ir ao Recife a fim de espionar, tanto quanto podiam, de longe as nossas obras. Na noite de 6, sendo postos em fuga do lado de fora e vendo que os nossos eram apenas 30 homens, repeliram-nos por seu turno e ali se conservaram até vir maior reforço. O governador para prevenir a reprodução desse fato mandou fazer uns caixões nos ângulos das paliçadas fincadas na terra, pregar pranchas de ambos os lados e encher de terra o espaço entre estas, de maneira que ali poderia uma companhia manter-se e defender as obras sem perigo.Aquele forte, segundo a planta, é quadrangular, e as pontas dos bastões estão distantes entre si 30 varas da Rhenania, sendo a proporção das faces 18, das espaldas 6 e dás cortinas 27. Nesse, dia trouxeram um pequeno navio, vindo de Sevilha com destino a Angola, carregado com 40 pipas e 3.300 vasilhas de vinho e 130 de aguardente e 60 caixas de azeitona. Nessa época houve temporal na costa e o navio Deventer ao entrar no porto, sossobrou aos 12 de Junho e num espaço de 8 dias arrebentaram na praia uns 3 barcos.No dia 16 á noite veio o inimigo de novo com muita gente assaltar o fortim situado ao sul da cidade e perto da praia. Alguns, tendo galgado o