e com esse intuito partiu da cidade ao pôr do sol e aproximou-se do forte ao encobrir-se a lua, nas logo viu que as escadas que levara eram muito curtas.O inimigo, tendo percebido o plano dos nossos, atirou furiosamente contra eles com as suas 18 peças. As mesmas granadas, atiradas pelos nossos e que custavam a explodir, eram arremessadas novamente pelos do forte è faziam grande estrago entre os nossos, de sorte que voltaram tendo perdido alguns homens e trazendo muitos gravemente feridos, pois nem se podiam terem pé. No dia Seguinte perseveraram na cidade com a resolução anterior de deixar os pontos baixos e ir para os mais altos. Todas as ruas foram interceptadas e entrincheiraram-se contra o ataque dos portugueses e dos índios seus partidários. O almirante chefe da expedição, nesse ínterim, fizera reconhecer pelo vice-almirante e outros capitães de navios toda a posição da Barrela e comunicou no dia 22 ao coronel que na opinião de todos estes se devia por esse ponto e passagem fazer o maior dano ao inimigo e cortar-lhe os meios de obter recursos. Acrescentava que o inimigo estava firme-mente ocupado em preparar uma, pequena bateria e em montar 2 peças para impedir a passagem, mas julgava que esta poderia facilmente ser tomada de surpresa. Pedia finalmente que mandasse com urgência uma força para ali afim de se executar a empresa. O coronel reuniu o conselho de guerra no dia seguinte para deliberar sobre essa proposta, que não foi considerada aceitável, em parte por julgarem ser o terreno visinho daquele posto muito perigoso e mais ainda por adiarem muito inconveniente separar, numa tão grande distância, uma força da outra.Acharam muito melhor avizinhar-se do forte de terra por meio de Apróxes e para lá mandar forçada cidade e para isso resolveram em seguida fazer gabiões e cuidar dos mais aprestos necessários. Gastaram mais dois ou três dias nesses preparos e lambem em se prevenir contra qualquer ataque do inimigo á cidade. Assim, só no dia 27 á tarde o tenente-coronel Adolf van der Eltz marchou para aquele forte e nessa mesma noite os nossos construíram uma trincheira da altura pouco mais ou menos de um homem. Os dois fortes fizeram fogo violento com seus canhões durante toda a noite contra a nossa força, mas sem causar nenhum dano. No dia seguinte trouxeram peças para serem montadas ali e no dia, 1° de Março começaram a atirar contra o forte com 3 peças de calibre mediano e 3 pequenas que lançavam 3 libras de ferro. Os do forte responderam valentemente ao ataque, mas pouco dano causaram. Na manhã seguinte, depois que o coronel veio para a trincheira e que os nossos recomeçaram o canhoneio logo ao raiar da aurora, os do forte, chamado pelos portugueses S. Jorge, apresentaram uma bandeira branca e mandaram um capitão para parlamentar. Firmaram um acordo pelo qual sairiam com as armas, sem estandartes nem morrões acesos, e, depois de feito um juramento de por 6 meses não pegarem em armas contra os nossos, seriam postos do outro lado do rio e poderiam partir livremente para o interior. Sob tais condições, saíram daquele forte uns 80 a 90 homens, mas depois de saírem não quiseram alguns fazer o juramento, de sorte que 40 foram desarmados e levados presos para a cidade de Olinda.
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional