História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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da mesma opinião, como manifestou ao nosso Governador, de quem procurou indagar se havia notícia da presença do inimigo pela vizinhança, ao que este lhe respondeu que os holandeses estiveram por aqui durante todo o último verão, sem impedimento algum, mas deixaram o golfo no último de Setembro. O emissário voltou, mas da esquadra não temos informação, havendo-se preparado o Governador para receber festivamente a Dom Frederico. Desanimadora é a situação da Nova Espania, juntando-se a isso a tristeza geral pela demora da esquadra, como melhor podereis avaliar na vossa alta sabedoria. Chegaram ultimamente notícias de lá, as quais nos referem a destruição calamitosa do México e a perda da maior parte dos seus habitantes, ficando a cidade inundada repentinamente pela ruptura dos diques, no mês de Outubro próximo passado. As águas levaram de vencida tudo que se lhes opôs, de sorte que no lugar mais elevado, isto é, o palácio do vice-rei, havia mais de uma braça d'água. O vice-rei, o arcebispo e os reitores andavam em escaleres procurando tirar das casas os que se estavam afogando. Os que se salvaram foram para as cidades mais próximas, abandonando as freiras, os frades e padres os seus conventos e casas, sem poder salvar nenhuns valores. O vice-rei ainda ficou lá com a sua corte, mais para manifestar a sua boa vontade e dever para com S. Majestade do que pela esperança de poder remediar em qualquer cousa, pela força ou industria humana, o que sucedera naquele reino. A esquadra ancorada em Vera Cruz correu o maior perigo o, se os ventos de Dezembro houvessem durado mais um pouco, todos os navios iriam bater na costa. Garraram duas vezes e foram reparados conforme se pode. Isto se deu devido aos boatos que lhes levaram da presença do inimigo aqui. Depois que ele se foi embora, resolveram não partir antes de receber ordem do rei ou até a chegada da esquadra. Esta entretanto só agora podo chegar, segundo a informação de uma fragata que encontrou 4 galeões nas Torturas ou Sondas, ha uns 15 dias passados. Aqueles navios trazem o mercúrio do rei e tiveram ordem de embarcar grande quantidade de bolacha e outros viveres para a esquadra e vir da Nova Espania para cá em companhia da mesma. O almiranta pretende por os navios aqui de querena, mas julgo que se dirige mal para este lugar, porque não ha nem pixe nem estopa. Dizem que o General Dom Jeronymo os proveu de pixe de árvores e que Dom Frederico mandou buscar esses artigos em Panamá o Nicarágua. Sendo assim, acredito que no dia 2 a prata pode ser embarcada lia cerca de um mês veio uma fragata da Trinidad, com a notícia de que, ao partir de lá, haviam chegado 11 navios holandeses e que incendiaram e saquearam a cidade de S. Tomé, onde havia mais de 300 casas. Ainda recebemos a notícia de que alguns ingleses se entregaram na ilha de S.t° André, á margem do rio de Chagres, onde eram em número superior a 300. O vice-almiranta das Honduras fora separado do almiranta, por uma fortíssima tempestade, em Novembro, já tendo chegado o almiranta, mas não o tendo ainda o vice-almiranta. O nosso governador mandou um patacho procurá-lo por toda a parte e tomar informações em Honduras, Campeche e Nova Espania, não o