E de admirar que Dom Frederico deixasse escapar tão boa ocasião, principalmente a que se lhe deparou a princípio, tanto mais quanto, segundo todas as aparências, fora mandado pelo rei para vigiar a nossa esquadra, sobre cuja expedição já havia sido informado havia muito tempo. Entretanto pode ser que, sendo lhe ordenado provei bem todos os países da América, tivesse achado melhor seguir á risca essas ordens e esperar lá os nossos do que arriscar importunamente uma parte dos seus navios contra tão pequeno número dos nossos. Em todo o caso, foi uma graça especial de Deus que, estando os nossos tão ameaçados e sem ver sabida, alguma, a, não ser vender caro a vida, escapassem com tão pequena perda e causando não pequeno susto ao inimigo. Meia hora, depois que Dom Frederico deixara de seguir os nossos, avistaram novamente três velas que ao aproximarem-se viram ser a nau do vice-almiranta Banckert, com o Enchuysen e, o iate Stadt en Landen. Haviam deixado na ilha da Madeira o navio Groeninghen e o Swaen com um pequeno navio capturado por eles, os quais deviam ali ficar até o dia 26 de Agosto.O General Loncque, receando que Dom Frederico fosse com a sua esquadra á ilha de S. Vicente de Cabo Verde e surpreendesse os nossos navios, mandou no dia 25 o iate Swarlen Ruyter avisar aos que lá estivessem que se acautelassem. E resolveu seguir para lá diretamente no dia 27 mas deixou acima de Punia de Naga o iate Stadt en Landen, com ordem de ali parar até o último do mesmo mês e fazer com que a esquadra do sota-almiranta e juntamente todos os navios que estavam atrasados o seguissem. Em primeiro lugar porém, enviou alguns navios ao porto de Sta. Cruz para ver se a esquadra de Dom Frederico ou alguns dos seus navios estavam ali fundeados. Acharam apenas três navios espanhóis ancorados sob a proteção do forte e por isso voltaram ao General. No mesmo dia lambem chegou o iate Swaluwe, juntamente com o navio Amersfoort onde, como já dissemos ia o almiranta Pieter Adriaensz. e que se separara da esquadra no dia 11 do mês passado. Contou este como o Amersfoort chegara junto á esquadra do sota-almiranta na ilha Canária, mal podendo navegar, mas achou-se no dia seguinte a sota-vento daquela ilha. Esses navios avistaram no dia 24 do mês passado um patacho espanhol, que se aproximou imprudentemente da nossa esquadra, julgando ser a de Dom Frederico, junto á qual estivera na tarde anterior. O navio Amersfoort perseguiu-o e deu-lhe um tiro mas, como se não quisesse render e como o vento soprasse forte, voltou á esquadra e pediu ao navio Salamander que o perseguisse em seu lugar e, apesar do almiranta dar um tiro para que cessassem a caça o Amersfoort, nau almiranta, ficara com o mastro avariado devido a um acidente, continuaram a faze-la o Salamander. o Vos e o Ouwevaer até o meio dia, quando o patacho, havendo resistido valentemente a uns 27 tiros que acertaram na sua grande vela e a um que atingiu o mastro, teve de se render aos nossos. Esse patacho vinha de S. Lucar e partira de Cadiz no dia 13 deste mês. Havia nele umas 56 almas, inclusive cinco mulheres e duas crianças, ia para Cartagena e estava carregada de vinho espanhol. alcaparras. aguardente, tinta, vinagre,
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional