vela. estrangeira, tendo somente no dia 13 de Agosto os iates dado caça a uma barca espanhola perto da costa da Grande Canária. Dispararam os canhões mas sem vantagem alguma. No dia 19 as duas esquadras se reuniram e no dia 23 ao raiar a aurora se achavam entre as ilhas da Grande Canária e Tenerife, cercados e ameaçados pela esquadra real de Dom Frederico de Toledo. Essa esquadra contava 40 velas, na maior parte composta de navios grandes, e o General não tinha mais de 8 navios e iates, a saber: Amsterdam. Holandschen Tuyn, Fame, Provintie can Uylrecht, Overijssel, Goude Leeaw. Swarte Ruyter e Brack. Tendo visto os nossos, quando rompeu o dia, que a esquadra era tão poderosa, fizeram o possível para ganhar o barlavento e viraram para leste afim de se colocar acima do meio da ponta da Canária, mas, chegando á ponta. não a puderam dobrar, de sorte que foi preciso virar e navegar por entre alguns dos navios inimigos. Cerca do meio dia viraram ao norte. O vento soprava então les-nordeste e aumentava cada vez mais.O inimigo fez o que pode mas só três dos seus navios estavam a barlavento, pelo que a maior parte dos outros teve de respeitar os nossos e deixai-os passar sem lhes tolher o caminho. Entre os três havia uma almiranta, cujo mastro de proa flutuava uma flâmula. Uma grande parte dos outros estava a sota-vento, perto dos nossos, e os restantes á retaguarda. Os três navios mais a barlavento deram alguns tiros de canhão contra, o Fame, Provintie van Uytrecht. Goude Leeuw e Swarlen Ruyter, que estavam a cerca de um tiro de mosquete acima da nossa almiranta e vice-almiranta. Choveu urna saraivada de balas de mosquetes e canhões e, apesar de navegarem lado a lado e dos muitos tiros disparados, os nossos só perderam dois homens no Overijssel sendo um deles o capitão. Um desses três navios procurou tomar a frente do navio do general Loncque e abordá-lo. mas falhou o seu intento e ficou-lhe mesmo a sotavento, de sorte que o General lhe descarregou ao passar por ele toda a bateria de um bordo, ouvindo-se então grande gritaria e lamentação no mesmo navio.Os nossos continuaram a navegar para o norte e nesse ínterim o almiranta Dom Frederico se aproximou bastante. Estava contudo um pouco a sotavento e, virando o navio contra os nossos, tão antes de tempo, que não pode passar por entre eles, pois navegavam perto uns dos outros, afastou-se um bom espaço, quase uma légua. Pela entrada da noite os nossos ficaram acima de Punta de Naga, estando ainda três dos navios inimigos a barlavento e muitos outros atrás das nossas águas; contudo a maior parte não podia dobrar a tal ponta e os nossos continuaram toda à noite com o rumo do norte. O almiranta espanhol que estava a barlavento, queimou fogos toda à noite para indicar o rumo dos navios que dobraram o cabo. No dia seguinte pela manhã os nossos só viram 11 navios da esquadra do rei. A almiranta e mais dois navios estavam perto, a barlavento, e outros sete, entre os quais a nau de Dom Frederico, estavam um pouco atrás dos nossos. Os que estavam a barlavento não se arriscavam a atacar os nossos, mas vendo que iam em boa ordem, esperando sempre uns pelos outros, viraram de bordo e voltaram para junto dos mais atrasados.
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional