História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

como sinal de navegar mais para dentro. O navio do almiranta Loncq encalhou em um baixio situado no meio da baia, lançou ferro e descarregou toda a bateria de um bordo sobro o bombordo do galeão, com o que flutuou novamente. Colocou-se então juntamente com o General perto dos espanhóis, que deram sete ou oito tiros, fugindo depois disso para terra.Largaram imediatamente os botes do almiranta, da sota almiranta e do navio Haerlem com mosqueteiros em direção ao navio do General, o qual também embarcou cm um dos botes e mandou logo atacar os espanhóis. Iam com ele nos botes o almiranta, o sota-almiranta Cornelis Claesz, o capitão Albert Hendricksz, do Rood Leeuw , o capitão Frans Claesz do navio Haerlem , com alguns sargentos e outros. Quando chegaram junto aos espanhóis, quiseram eles oferecer resistência, mas logo que lhes foram feitas duas ou três descargas de mosquetaria, desanimaram. Chegando junto do navio, não encontraram meios de subir, só existindo um cabo dependurado do lado de fora, pelo qual um marinheiro subiu. Uma vez a bordo, procurou este, outros cabos para amarrar lá em cima e atirá-los aos companheiros nos botes. Enquanto isso fazia, os espanhóis observavam sem oferecer resistência Ao atacar os outros navios, propuseram-lhes la bonne guerre, ao que os espanhóis correram todos para baixo. O General aproveitou um espanhol que foi a nado, para mandar ao seu almiranta propostas de quartel, sendo ainda encontrados 150 homens que subiram todos desarmados e foram. transportados para terra sem ser molestados, alguns carregados de ouro e prata. Por esta prudente medida do General os danos de incêndio e outros foram prevenidos.Houve também ordem de retirar os botes e chalupas dos navios conquistados. Nessa noite sobreveio forte tempestade, de sorte que no meio da noite os galeões que não estavam ancorados desencalharam e vieram trazidos, pela correnteza para junto da esquadra e aí foram ancorados.O General e o almiranta foram de dia aos navios capturados para pôr tudo em boa ordem e impedir a pilhagem pela, gente da tripulação. O almiranta da esquadra espanhola era o galeão Sta. Anna, com 24 canhões de bronze, sob o comando de Don Francisco de Buena-Vida, e Don Francisco Denneboa comandava as forças de terra. A vice-almiranta era o galeão Sta. Gertrudes , com 20 canhões de bronze, a sota almiranta, chamada Montaigne , tinha 20 canhões de ferro, o quarto galeão chamava-se S. João e levava 20 canhões de ferro, havendo mais alguns navios mercantes sem canhões.Assim esta esquadra preciosa foi por determinação e favor de Deus lançada nas mãos dos nossos sem oferecer grande resistência, o que o General também reconheceu, pois me lembro perfeitamente bem que ao voltar á República, vendo a multidão afluir de todos os lados e ouvindo os grandes louvores que lhe faziam por toda a parte, me disse: vede que grande barulho faz o povo, pois pouco fiz para trazer tão grande tesouro, ao passo que nos muitos combates que pelejei anteriormente realizei feitos muito maiores do que este e deles não fizeram o menor caso. E isso efetivamente uma pura verdade, porque os feitos já descrito e por ele praticados na Baia de Todos os Santos,