História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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garras. Os iates tiveram ordem de se dispersar um tanto e fazer o possível para trazer notícias sobre os navios do inimigo, mas voltaram no dia 28 a esquadra sem haver avistado uma única vela pelo que o General reuniu o conselho secreto para saber onde seria melhor esperar pelos navios inimigos e, como junto á costa fossem tão desviados pela correnteza, ficou resolvido que se afastassem um pouco e se mantivessem um tanto mais período Cabo da Florida, para cruzar ali. Assim, navegaram a tarde com o vento norte, mas era tão fraca a brisa que pouco avançaram. No dia 29 avistaram outra vez uma vela que capturaram e era uma barca com 50 homens, mandada pelo governador de Havana, D. Lourenço de Cabrera para ir ao encontro das esquadras da Terra Firme e da Nova Espanha e avisá-las de que estava na vizinhança uma esquadra holandesa de 23 navios. Estavam desde seis dias no mar, não avistando nenhuma das esquadras e causando-lhes grande surpresa essa demora. Declararam mais que no porto de Havana só havia um galeão construído havia pouco tempo e mais outro cujo pontal ficaria pronto brevemente; que havia nos fortes 400 ou 500 soldados e na cidade 2.000 burgueses ou habitantes; que no forte do Morro estavam montados 70 canhões de bronze, no outro 20 e no terceiro 28 e finalmente que a nossa esquadra fora descoberta havia muito tempo e primeiramente pelo forte do Morro. A correnteza seguiu ainda para leste e depois parou. Pela tarde avistaram outra barca, a qual deram logo caça e encontraram ancorada a um tiro de mosquete da costa em duas braças d'água. Os espanhóis vendo que os nossos avançavam para lá, cortaram a amarra e foram encalhar na praia, fugindo para terra. Os nossos entraram nessa barca, só achando alguns frutos e uma pipa d'água, e incendiaram-na.Mantiveram-se ainda a cerca de uma légua da costa, fazendo o possível para ganhar outra vez o oeste. No dia 1 de Setembro acharam-se a três ou quatro léguas a oeste de Havana, a quase quatro léguas de terra. Passaram em frente a Havana, para ver melhor quantos navios estavam lá ancorados e, aproximando-se cerca de um tiro de colubrina, viram que se não achavam mais vasos que os declarados pelos prisioneiros e mais duas barcas pequenas, certificando-se então que nenhuma das esquadras havia chegado. No dia seguinte o iate Vos foi mandado á vizinhança das Tortugas em parte para surpreender os barcos avisos do inimigo e também para procurar o vice-almiranta, que ainda se não juntara á esquadra e dar-lhe ordem de se manter naquelas águas e esperar com os 7 navios do seu comando a chegada de uma ou outra das esquadras.No dia 3 soprou o vento de leste, de sorte que tiveram de conservar-se perto de Havana. Apesar disso verificaram no dia 5 que a correnteza os arrastara fortemente para leste, de modo que Havana já estava umas oito léguas a sudoeste.Avistaram no dia seguinte El Pan de Matanza e ao mesmo tempo uma vela, á qual os navios que iam na frente deram caça. O General mandou dar um tiro para que a deixassem e voltaram todos, com exceção da barca comprida, que ainda a perseguiu. Como dois grandes navios percebessem a