História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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muito mais gente vinda em canoas do outro lado da ilha e, apesar de notarem essa circunstancia, entretanto não se acautelaram. Assim aqueles selvagens, aproveitando a ocasião para dar o golpe enquanto um bote dos nossos estava em caminho para bordo a levar água, caíram de improviso sobre os que ficaram em terra e mataram 10 homens de um navio e 18 de outro. Quebraram uns 30 barris de água e o bote que ainda pode ser aproveitado, sendo salvos também 5 homens que durante o morticínio se refugiaram no bosque. Como se vê, é preciso ter toda cautela contra esses ferozes selvagens.Estiveram depois disso na ilha de S. Christovão e juntaram-se, como já foi dito, á esquadra. No dia 5 de Agosto pararam todos perto do cabo Sto. Antônio para fazer limpeza nos navios, deixando um iate de vigia um pouco afastado da costa; No dia 7 houve uma tempestade.No dia 10 acharam-se na latitude de 23 graus e meio, nas proximidades do Rio dos Porcos. No dia 13 estavam acima, do cabo Sto. Antônio. O General encarregou o iate Vos e a barca de navegarem á frente da esquadra para dar aviso acerca tios baixos, que se estendem do dito Cabo ao dos Órgãos. A 1 hora da noite a barca encalhou, correndo algum perigo, e deu um tiro como aviso e a esquadra mudou imediatamente de rumo.No dia seguinte, como fortes correntes os arrastassem para oeste, não se podendo manter bem perto da costa, deliberaram seguir para as Tortugas. Alcançaram estas ilhas no dia 20 o lançaram ferro com 70 braças de fundo em areia grossa e coral e estavam a 24° 4' de latitude.No dia seguinte avistaram e capturaram duas pequenas velas. Eram duas barcas que haviam partido ha 14 dias de Havana para pescas nessas águas. Seus tripulantes informaram que até saírem daquele porto os espanhóis nada sabiam sobre a vinda da nossa esquadra e que não chegara a esquadra da Terra Firme nem a da Nova Espanha, sendo entretanto uma e outra esperadas todos os dias. No dia 22 avistaram novamente a ilha de Cuba e estiveram tão perto de Havana que podiam ver claramente o forte chamado do Morro.Um dia antes de avistar a Mesa de Maria deram pela falta de 4 dos navios- Hollandia , Roode Leeuw , Dordrecht e T'Valck e também dos iates Muyden o Swarte Ruyter . O vento sendo de leste, foram-lhe fazendo frente ao longo da costa para se conservar pouco mais ou menos na mesma distância de Havana, mas acharam que a corrente os levara muito para leste.No dia 24 Havana estava 7 léguas a sudeste da esquadra. Sobreveio ali uma forte tempestade com relâmpagos e trovoada, de sorte que o navio Dordrecht perdeu a grande verga despedaçada e atirada ao mar, morreu um marinheiro e alguns ficaram muito maltratados. Navegaram para oeste com uma brisa de leste. Apesar disso acharam no dia seguinte que tinham recuado para leste umas 7 ou 8 léguas e avistaram El Pan de Matanza.Causou-lhes esse fato grande admiração e receio, si bem que se houvesse dado por determinação especial do Altíssimo em beneficio deles, pois a esquadra da Nova Espanha devido a mesma corrente veio cair-lhes nas