História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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200 lastros, quatro canhões de bronze e 20 de ferro: 101 homens, capitão Jan Wendelsz.Saíram juntos de Texel em 24 de Janeiro desse armo, os seguintes: Geele Sonne , Otter , Steur , Windt-hondt , Bruyn-vissh , Het Duyfken , ' T Wapen van Hoorn , Enchuyser Maeght e Graef Ernest . O Geele Sonne era a almiranta o Graef Ernest a vice-almiranta, o ' t Wapen van Hoorn sota-almiranta. No mar se apartaram bastante uns dos outros, mas no dia 24 de Fevereiro chegaram quase todos juntos às Canárias. Ali foi deliberado pelo conselho que seguissem para S. Vicente, uma das ilhas de Cabo Verde, onde realmente fundearam no dia 2 de Março. Arriaram os botes e mandaram as tripulações dos navios refrescar-se em terra. Fizeram provisões de água fresca, tanto ali como numa ilha adjacente, a de Sto. Antônio. Essas duas ilhas são as mais ocidentais das do Cabo Verde, situadas entre 17 e meio e 18 graus ao norte do Equador e estão a 2 1/2 léguas das outras.A Baía de S. Vicente, onde se pode ancorara 8, 10 e 12 braças, em fundo de areia, acha-se a 16° 26'. É boa, grande e cômoda para se fundear. A não ser isso não tem outras vantagens, pois é estéril e cheia de rochedos. Pouca água potável se pode obter, cavando, e o único lugar onde se encontra alguma é do lado sul sudoeste da baía e ai no tempo próprio mais de dois ou três navios se podem abastecer de água corrente de uma pequena fonte. Essa ilha é deserta. Nela se encontram muitos cabritos e muitas tartarugas na época própria, a saber de Agosto a Fevereiro; nas suas águas há bom peixe; existem algumas figueiras bravas.A ilha de Sto. Antônio é habitada por alguns negros em número de 400 ou um pouco mais. Há Aí muitos cabritos.Perto da praia ha um pomar de laranjeiras, que para os que vêm de S. Vicente está a noroeste quarta a oeste e é fácil de reconhecer por uma grande tamareira que ali existe e no qual se colhem segundo está calculado 9.000 laranjas.No dia 26 de Março fizeram-se à vela e no dia 10 de Abril atravessaram o Equador. No dia 20 do mesmo mês avistaram a costa do Brasil na latitude de 7° 38' ao sul do Equador. À noite, da esquadra viram três navios estrangeiros, a saber: duas caravelas e uma balandra. O Duyfken atacou uma das caravelas para a abordar, mas a sua vela de Joanele o atrapalhava e os atacantes não podiam saltar no barco inimigo, de sorte que a vice-almiranta mandou a sua chalupa, que a capturou.A outra caravela foi tomada pela chalupa da almiranta e a balandra pela chalupa do Otter . Por junto, a carga dos três era composta de 1.100 caixas de açúcar, uma partida de tabaco e muito pau-brasil.Esses navios haviam partido do porto de Pernambuco no dia 19 e ali segundo os prisioneiros declararam estavam fundeados mais dois navios, quase prontos a fazer-se a vela. O Commandeur resolveu mandar o Steur e o Maeght van Enchuysen com as duas caravelas para a ilha Fernando de Noronha e ali descarregar com facilidade as duas caravelas capturadas e partir com o esbulho para a República. No dia 24 capturaram ainda um navio carregado