História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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Havana. A nossa almiranta, levando a reboque aquela pesada nau, achava-se tão perto, da costa que toda a tripulação, podia divisar bem todos os acidentes do litoral. Os fortes situados à entrada de Havana dispararam os seus canhões contra eles, mas as balas não os alcançaram. Soprando ali uma forte, brisa de leste, tomaram todos juntamente o rumo do norte para além do estreito de Bahama junto à costa da Florida.O iate Noordt-Sterre , que se separara por alguns dias da esquadra juntou-se-lhe novamente; nesse ínterim mandaram duas ou três barcas a terra, ficando uma de vigia e lá tomaram água fresca. Correndo tudo bem na esquadra, retiraram toda a carga que puderam da almiranta espanhola e incendiaram-na; descarregaram também a barca capturada e abandonaram-na à sorte das ondas. Teve legar esse sucesso cerca de légua e meia de terra na latitude de 26 graus ao norte do Equador. Celebraram no dia 16 de Agosto preces em ação de graças em toda a esquadra, tomaram depois o rumo para a República e fizeram uma boa viagem, chegando entre fins de Setembro e princípios de Outubro. Da nau almiranta espanhola foi esta a presa: 1126 caixas secas de anil de Guatemala e 163 caixas molhadas; 2767 couros secos; 45 pacotes de salsaparrilha; 15 potes de balsamo; 8 canhões de bronze e 12 de ferro. Da vice-almiranta espanhola foi retirado o seguinte: 1024 caixas secas e 45 molhadas com anil, 2940 couros secos e 130 pacotes de salsaparrilha, 12 potes de balsamo, 4 canhões de bronze e 16 de ferro e 51 libras e meia de prata. Da, barca tiraram 469 couros e 90 pacotes de salsaparrilha. Em suma a esquadra trouxe para.a República o seguinte: 2180 caixas e fardos secos de anil da Guatemala, 218 caixas molhadas de anil, 6176 couros secos das Antilhas, 266 pacotes de salsaparrilha, 27 potes de balsamo, 7000 libras de gengibre de S. Domingos, 51 1/2 libras de prata não amoedada, 12 canhões de bronze, e 28 canhões de ferro.Antes, de encerrarmos a. descrição da viagem desta esquadra devemos acrescentar tudo o que se passou e que omitimos por conveniência da narração.O navio Fotuyn , que partiu da Zelândia a 3 de Março, levou além da sua tripulação 63 colonos, que desembarcaram com seus utensílios na ilha Tabago. Partindo daí no dia 2 de Maio, chegou no dia 4 ao porto de S. Vicente. Ali encontrou dois homens da gente do Capitão Jan van Ryen, o qual estabelecera uma colônia no rio Oyapoc, mas teve de abandoná-la porque havendo-se malquistado com os indígenas, esses mataram o tenente e arruinaram as plantações e casas. Contudo abrandou-se-lhes mais tarde a cólera e permitiram que os colonos fizessem uns botes e se transportassem a outra parte. Incluindo estes dois iam sete em uma das chalupas, mas em caminho morre -ram dois dos companheiros e os restantes desembarcaram na ilha da Trindade. A princípio não encontraram lá pessoa alguma, mas chegaram depois uns. selvagens da ilha de Granada. Os recém-vindos, inimigos encarniçados dos franceses, mataram os três companheiros, que eram dessa nacionalidade, e, pouparam aos dois neerlandeses. Do capitão e do resto da gente nada