História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636. Vol 33

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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oposição dos nossos navios, eles entrariam facilmente em Havana, pois o vento soprava para a terra e fortes vagalhões corriam para a costa.A vice-almiranta espanhola, navegando à frente, foi valentemente abordada pelo Leeuwinne , descarregando as suas baterias e mosquetes um no outro.Mas o Leeuwinne , não tendo arpéus de abordagem, desprendeu-se do bordo do inimigo e a vice-almiranta vendo-se livre e atravessando todo o leme conseguiu voltar-se e aproar para terra e o Leeuwinne , não podendo fazer o mesmo por falta de espaço, ficou colocado junto ao outro, mas de tal forma que mal podia atirar sobre o inimigo com algumas peças, enquanto que a vice-almiranta podia varrer-lhe o convés e já lhe havia derrubado com um tiro um dos mastros.A almiranta espanhola já passara pela vice-almiranta, mas notando que não podia ir além, pois o Fortuyn e o Dolfijn avançavam à toda força de velas para lhe embargar o passo, foi pôr-se ao lado da vice-almiranta junto à costa. De modo que o Leeuwinne ficou entre os dois e foi muito bombardeado pela vice-almiranta.Achou-se em tão critica situação que, havendo morrido o capitão e muitos tripulantes, esteve a ser combinada com os espanhóis a rendição; pois os dois navios estavam próximos um do outro, desde pela manhã até ás duas da tarde. Os nossos não lhe podiam valer por ser a brisa do sul e fraca e a correnteza junto à terra dirigir-se paia oeste, mas o maior motivo era o pouco conhecimento da costa.Os espanhóis aprisionados na barca nada lhes podiam informar sobre isso, porquanto se declararam ignorantes acerca do assunto; entretanto ouviram dizer que não havia bons ancoradouros junto à costa. Assim os nossos navios se moviam de cá para lá descarregando os seus canhões de maior calibre ora sobre um, ora sobre outro navio espanhol.Nesse ínterim foram de terra muitos botes carregados de gente para a vice-almiranta, ainda que pelo nutrido fogo que o Leeuwinne fazia contra a almiranta espanhola não pudessem fazê-lo com facilidade. Quanto à nossa almiranta, devido a ser-lhe o vento contrário e a brisa muito fraca, não se podia aproximar do campo da ação, de sorte que achou melhor arribar mais para o norte até que viesse a brisa, que ali diariamente sopra. Aparecendo essa por volta da tarde, aproximou-se de terra, à distância de um tiro de canhão dos navios espanhóis e os outros se dirigiram para perto dele e ainda ali encontraram 11 ou 12 braças de fundo. Depois de ordenar o que a sua vice-almiranta e o Fortuyn deviam fazer, atacou valentemente o inimigo e tentou abordar a vice-almiranta espanhola que lhe fez frente, repelindo corajosamente os assaltantes à arma branca.Começou então uma renhida e sanguinolenta batalha de ambos os lados com disparos de canhões e mosquetes. Os nossos também atiraram algumas granadas no navio inimigo e queriam abordá-lo de novo, mas foram ainda repelidos pelos espanhóis.O Fortuyn avizinhou-se, atracando ao Walchereu , O Dolfijn , depois