fazendas foram distribuídas pelos navios. Como a caravela era boa e forte, o almirante a conservou, e meteu, gente nela. Foram os iates providos por cinco meses de mantimentos tirados dos navios grossos. Tendo o almirante feito tudo o que aqui tencionava fazer, a 29 mandou por em terra todos os seus prisioneiros portugueses, e saiu do rio com sua frota, e se foi pela derrota do nordeste quarta a leste, servido do vento sudeste.Querendo entrar neste rio, atender às seguintes indicações. Do lado meridional da baía vereis três ilhetas, que semelham parceis grandes, não mui altos, e pô-las-eis a bombordo, e navegareis ao longo delas; na mais ocidental vereis três pedras, que parecem galeões; passadas estas ilhetas, governareis ao noroeste quarta a oeste, e então dareis fé de um baixo, sobre o qual o mar se alteia muito, e passareis avante, deixando este baixo a estibordo; tendo avançado algum tanto, logo vereis a abertura do rio, que se prolonga para oeste; vereis também na boca do rio alguns parceis, dos quais um ou mais se acham sempre descobertos e à vista acima da água; estes parceis estão arredados cousa de meio tiro de mosquete da ponta do sul, navegareis por junto deles, isto é, tomando-os pelo norte, e quanto mais perto navegardes, maior fundo encontrareis; passados os parceis, governareis para a margem meridional, e não tendes de que vos temer, que em qualquer parte o fundo é de boa tença, e nau encontrareis profundidade menor de três braças e meia. Neste rio a lua ao rumo do nordeste e sudoeste ocasiona marés vivas.No ultimo dia do mês de Março dividiu o almirante a sua frota em três esquadras: a primeira compunha-se dos iates Oragnie-Boom, Arendt e Sparwer, a qual foi posta a cargo do vice-almirante e enviada ao rio da Prata; a segunda compunha-se do Goude Leeuw, iate Rare e da caravela tomada diante do Espírito Santo, e foi mandada cruzar diante do Rio de Janeiro; a terceira, cujo chefe era o mesmo almirante, contava os navios Geldria, Zutphen, Pinas, Neptunus, e os iates Vos, Amsterdam, David e o barco com as duas velas ré. Este se fez na volta do norte, e de noite passou pelos Abrolhos por vinte e seis braças de água. A 9 de Junho, tendo avistado terra ao norte da baía de Todos os Santos, deu volta e caminhou ao sul. Ao outro dia estava à carão da mesma baía, e nela entrou, navegando um pedaço além da cidade: em rosto desta poucos navios havia, somente os que o almirante ali deixara da outra vez. Passou além do forte sito em Tapagipe, e como visse surtos dois navios do inimigo, deu fundo, e ordenou que fossem ao seu navio todos os bateis bem tripulados. Vogaram estes em seguida para os navios contrários, que estavam encalhados na praia; os nossos os saquearam, e lhes puseram fogo, e a despeito do inimigo foram buscar em terra algumas tábuas, e as levaram aos navios. Como o almirante muito desejava haver novas de terra, mandou que os iates Vos e Amsterdam juntamente com o barco fossem vigiar as pequenas embarcações, que passavam de um para outro lado; estes iates, tendo-se adiantado algum tanto, impeliram contra a praia um dos tais barcozinhos, cujos tripulantes fugiram para terra antes que a nossa chalupa chegasse junto da presa, da qual recolheram os nossos dez ou doze rolos de tabaco, mas não assim seis ou sete caixas de açúcar, que carregava, não só
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional