nossos os não incomodaram por não darem valor algum ao dito naviozinho. Estiveram ocupados em baldear as cargas dos navios portugueses para os nossos, e em esbulhar e queimar os navios vazios, isto até o dia 27 deste mês de Março, que foi quando os quatro navios de que acima se falou, foram despachados para a Republica a cargo do sota almirante Cornelis Dircksz. Bestevaer. A Gerrit Jansz. Etger, capitão que fora de navio voado Oragnie Boom, deu o almirante um outro navio para comandar. No ultimo dia de Marco toda a frota se fez à vela, e saiu da Baía de 'todos os Santos. Compunha-se então das seguintes velas: Hollandia, em que se achava o almirante, W alcheren que levava o vice-almirante. Neptunus com o sota-almirante. Gelderlandt, Zutphen, Goode-Leeuw, Pinas, ao todo sete navios, e os iates Amsterdam, Oragnie Boom, David, Vos. Rave, Arendt, Sparwer e um barco com duas velas ré. Mantinham companhia com a frota alguns navios tomados, que o almirante converteu ao seu uso.Pela tarde surgiu a frota ao lado do castelo de Santo Antonio, e caminhou depois ao sul. Na entrada do mês de Abril tinha perto o morro de S. Paulo. Seguiu pela derrota do susudoeste e sudoeste prolongando a costa, mas algum tanto largo dela, por vinte braças de água, fundo de firme tença. Ao outro dia acercou-se de uma ilhota, que jaz bastante apartada de terra, e surgiu à sombra dela em nove braças. Ao seguinte dia foram ter a ela os bateis, cujos tripulantes cavaram alguns poços, que deram boa água doce. Esta ilhota não tem mais de meia légua em redondo, e apenas oferece uma pouca de salsa do mar (Zen-Peterselie); rodeiam-na alfaques, em que o mar quebra com força; demora aos 13° 52'. Deram-lhe os nossos o nome de Paschavondt (Véspera de Páscoa). Aqui se deteve a frota para tomar água e lenha até 12 de Abril, dia em que se fez à vela, e deitou caminho pela derrota do sudeste e susudeste até o dia 18. Achava-se então em altura de 19° é banda do sul, e, segundo calculo, acima dos afamados baixos dos Abrolhos; era o tempo rigoroso. Ao outro dia ventou do sudeste, e fez-se a frota na volta de oeste, e atingiu ao meio-dia a altura de 19° 10'. A 25 foi em altura de 24°. A' seguinte manhã avistaram terra ao longe, a qual se fazia mui alta, e, segundo calcularam, demorava entre o cabo Frio e a ponta do Rio de Janeiro. Viram logo depois duas velas, que estavam a barlavento da frota, e como era o vento escasso, mandou o almirante que saíssem os bateis a lhes dar caça; mas andando nesta ocupados os bateis e chalupas, refrescou bastante o vento, pelo que tiveram de tornar aos navios. Enviou-se então aos navios contrários o barco com as duas velas ré, e tomou um deles; mas encontraram os nossos somente cento e noventa e uma caixas de açúcar das duzentas e noventa e uma que o navio apresado carregava, pois as mais deitaram-nas ao mar os de seu bordo. Vinha do Rio de Janeiro, e pelos prisioneiros se informou o almirante do estado desta praça, isto é, que desde que começara a guerra por essas costas, se achava bastante provida de gente, e que no porto havia somente um navio carregado, e outro que chegara ultimamente de Portugal; e pois não pareceu acertado ao almirante expor seus navios e sua gente a tamanho perigo, qual o que era de esperar, si entrasse naquele
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional